Resumo O próprio processo de fabricação de porcelanatos contribui para o aparecimento da deformação piroplástica, pois para atingir as qualidades técnicas requeridas é necessário alto grau de densificação. A deformação piroplástica está relacionada com a fase líquida formada durante a queima, seja pelo volume ou características da mesma. Embora muito bem estudada em louças de mesa, muitos aspectos da deformação piroplástica em porcelanatos ainda são pouco esclarecidos, além disso, a possibilidade de produção de porcelanatos por via seca e suas consequências para a deformação piroplástica são desconhecidas. Desse modo, o principal objetivo desse trabalho foi agregar conhecimentos na identificação dos fatores que interferem na deformação piroplástica, além de avaliar os efeitos da rota de processamento. Os resultados obtidos indicam que massas produzidas por via seca apresentam menor tendência à deformação piroplástica em relação às produzidas por via úmida. Além disso, os mecanismos através dos quais a deformação ocorre é diferente nas duas rotas de fabricação.Palavras-chave: porcelanatos, deformação piroplástica, porcelanato via seca.
IntroduçãoOs porcelanatos são placas cerâmicas para revestimento com alto valor agregado e grande aceitação no mercado devido às suas excelentes características técnicas e estéticas. Para garantir o alto desempenho técnico, deve apresentar porosidade bastante reduzida e isso é possível a partir de queima em altas temperaturas 1 através da formação de grande quantidade de fase líquida, em torno de 50 a 80% 2 . À medida que as reações ocorrem durante o ciclo térmico, a peça deve manter sua integridade ao percorrer os rolos refratários do forno e isso tem se tornado cada vez mais difícil devido às recentes inovações em porcelanatos como a produção de peças de espessura reduzida, grandes dimensões, formatos retangulares e ciclos térmicos acelerados. Em si, a manufatura dessa tipologia de produto, além das inovações mencionadas, intensifica a tendência à deformação piroplástica, isto é, a deformação da peça cerâmica durante o ciclo térmico provocada pelo próprio peso, perdendo assim, o seu formato original 3 . Tradicionalmente os porcelanatos são produzidos por via úmida, no entanto com a crescente preocupação de sustentabilidade na produção de revestimentos cerâmicos, há a possibilidade de uma nova rota de processamento, a via seca, reduzindo gastos energéticos e, consequentemente, benefícios ambientais 4 , porém seus efeitos sobre a deformação piroplástica ainda são desconhecidos. Acredita-se que a modificação das propriedades da fase líquida de modo a favorecer a estabilidade da peça durante a queima possa contribuir para minimizar o problema, assim, para a execução deste trabalho, a partir de uma massa padrão, foram realizadas substituições de algumas matérias-primas e alterações na granulometria das mesmas no intuito de promover alterações na fase líquida e reduzir a deformação. O estudo foi ampliado para massas produzidas por via seca, podendo assim acrescentar conhecimentos para ...