“…Ao implicar uma aproximação paciente, continuada e prolongada (Mauricio SOUZA, 2015) e uma intensa vivência no próprio contexto social pesquisado (Cris ANDRADA, 2010), a etnografia apresenta um potencial de ensejar uma vinculação aprofundada com as mulheres e de possibilitar maior proximidade à sua vida cotidiana, às suas relações e a seu "universo afetivo-existencial" (Edward MacRAE, 2004, p. 31). Além disso, a escolha por aproximarmo-nos da abordagem etnográfica fundamentou-se no fato de que, embora esse acercamento exija cautela e seja atravessado por limites, ele tem se mostrado pertinente e fecundo para o estudo de questões investigadas pela psicologia (ANDRADA, 2010;SOUZA, 2015). Destaca-se, ainda, que essa aproximação se nutre de certa confluência entre a postura psicossocial e a postura etnográfica, uma vez que ambas implicam, em certa medida, "um giro de corpo e de alma na direção do 'outro', reconhecendo os imperativos da diferença e da distância (...), mas expondo-se inteiramente a ter com ele uma experiência largamente significativa (...) capaz de engendrar novas compreensões sobre o que se quer conhecer" (ANDRADA, 2010, p. 5).…”