Psicologia Na Assistência Social: Um Campo Em Formação

Abstract

Resumo Neste trabalho, propusemos uma reflexão acerca dos conhecimentos, posturas éticas e experiências práticas que cursos de graduação em Psicologia podem oferecer para capacitar suas(eus) alunas(os) para atuar no Sistema Único de Assistência Social (SUAS). Para embasar essa discussão, realizamos uma revisão bibliográfica sobre o tema, entrevistamos profissionais da área e revisitamos os materiais que produzimos ao longo de nossas experiências como docentes e supervisoras de estágio. Partindo da constatação de que há um grande descompasso entre a formação oferecida e o cotidiano de trabalho no SUAS, afirmamos a necessidade de outro modelo de formação, que ofereça elementos para que as(os) jovens psicólogas(os) possam desenvolver práticas inventivas e criativas, que potencializam os saberes locais e respeitam as demandas e potencialidades do território.

Reflexões sobre Práticas e Cotidiano Institucional na Rede de Proteção à Mulher

“…No que concerne ao trabalho em equipe, verifica-se que não existem diretrizes específicas nas Diretrizes Nacionais para o Abrigamento (Brasil, 2011a) ou mesmo nas Normas Técnicas de Uniformização dos Centros de Referência (Brasil, 2006), o que torna esses materiais mais uma fonte de inspiração do que propriamente uma orientação concreta (Cordeiro, & Curado, 2017). Por fim, acerca dos fluxos e articulação em rede, destaca-se a importância de fortalecer o trabalho de formas inter e intrasetorial, para que seja possível produzir deslocamentos efetivos nas histórias de vida das mulheres que acessam os serviços.…”

Psicologia e o Centro de Referência de Assistência Social: uma metassíntese qualitativa

“…Contudo, a partir da Constituição de Federal (CF) de 1988, assegurou-se constitucionalmente transformações nas bases para o Sistema de Seguridade Social no país (Oliveira & Paiva, 2016;Yamamoto & Oliveira, 2010;Yazbek, 2018). Assim, a CF representou um divisor de águas, principalmente, por afirmar a garantia dos direitos sociais para toda a população brasileira, responsabilizando o Estado pela sua efetivação (Cordeiro, 2018;Oliveira & Paiva, 2016;Yamamoto & Oliveira, 2010;Yazbek, 2018).…”

“…Logo, os avanços conceituais promovidos tanto pela CF quanto pela Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS) (1993) -que regulamenta a Assistência Social enquanto política pública de Proteção Social -, esbarraram nessa conjuntura adversa (Cordeiro, 2018;Oliveira, et al, 2022). Isso implicou em ações fragmentadas, desarticuladas e imediatistas, acarretando na invisibilização da política de Assistência Social até os anos 2000 (Couto et al, 2017;Oliveira et al, 2017).…”

“…Aliás, somente em 2004, foi aprovada a Política Nacional de Assistência Social -PNAS (Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome-MDS, 2005), que retomou os princípios e diretrizes contidos na LOAS, além de reafirmar sua contraposição às práticas assistencialistas (Cordeiro, 2018;Couto et al, 2017;Scott, Santos, Sousa, Solon & Oliveira, 2020). A operacionalização da PNAS ocorre por meio do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), o qual estrutura e organiza nacionalmente serviços, benefícios e ações socioassistenciais, de caráter permanente ou eventual da Proteção Social (Couto et al, 2017;Macedo, Fontenele & Gomes, 2022;Yazbek, 2018).…”

Acolhimento Institucional de Crianças e Adolescentes: re(in)flexões sobre o trabalho com as famílias

“…A inserção das psicólogas e dos psicólogos no Sistema Único de Assistência Social (Suas) tem sido tema de debates, pesquisas e preocupações por parte de muitos pesquisadores e profissionais. De maneira geral, as produções da área apontam a fragilidade da formação em Psicologia para a atuação nas políticas públicas, especialmente nas políticas de ssistência social, e para a reprodução de aportes teóricos e técnico-operativos provenientes da Psicologia Clínica, descontextualizados em relação ao público atendido e aos problemas apresentados no cotidiano de trabalho do Suas (Cordeiro & Curado, 2018).…”