Projeção de um cenário econômico e de desmatamento para a Amazônia Legal brasileira entre 2006 e 2030

Abstract

Resumo: A Amazônia Legal foi alvo de políticas desenvolvimentistas no século XX. Com características estruturais diferentes das do restante do Brasil e abrigando a maior floresta tropical do mundo, o resultado foi crescimento econômico e desmatamento. Alguns fatores são apontados como determinantes desse desmatamento, como as políticas de incentivo ao desenvolvimento das décadas de 1970 e 1980, os investimentos em infraestrutura, a pecuária e a agricultura.Este artigo apresenta uma metodologia de projeção para o desmatamento nas mesorregiões da Amazônia Legal, decorrente de fatores econômicos e de condicionantes estruturais da região. Para isso, foi usado um modelo de Equilíbrio Geral Computável (EGC) dinâmico inter-regional comum a especificação para a ocupação do solo nas regiões, isto é,uma inovação para a literatura.Os resultados para o período estudado(2006-2030) apontaram que as regiões com maior crescimento e desmatamento seriam aquelas situadas no arco do desmatamento(Mato Grosso, Pará e Rondônia), principalmente regiões produtoras de soja e bovinos.

Notas sobre a formação socioespacial da Amazônia

“…Não por acaso, é justamente a partir dos anos de 1970 que o desmatamento cresce acentuadamente. Em projeções recentes constata-se que o crescimento das áreas de lavoura, pasto e fl oresta plantada acontece em razão da área de fl oresta natural, como resultado do maior aumento da remuneração do pasto em relação à remuneração dos demais usos da terra (Carvalho;Domingues, 2016).…”

Agricultural activity: Legal Amazon: Ambiental degradation

“…Ocupação da região de Floresta Amazônica O desenvolvimento urbano e a expansão agrícola e pecuária são as principais atividades responsáveis pelo desenvolvimento econômico nas regiões Centro-Oeste e Norte do Brasil. Tal desenvolvimento na região da Amazônia Legal foi definida como propósitos de planejamento regional em 1953 (CARVALHO et al, 2016). No Brasil, esta região ocupa uma área de 3.182.628,03 km2, abrigando 21 milhões de habitantes, que representa em torno de 12% da população total nacional, englobando além dos estados do Norte do Brasil (Amazonas, Acre, Amapá, Rondônia, Roraima, Tocantins, Pará), o estado de Mato Grosso e parte do estado do Maranhão.…”

“…A partir de 1970, o processo de ocupação acelerou-se, e milhões de hectares de florestas foram derrubados para criação de pastos e projetos de colonização e reforma agrária. Desse modo, a Amazônia sofreu um processo intensivo de industrialização e com isso os índices de crescimento urbano foram os mais elevados do país (CARVALHO et al, 2016;ALVES, 2010). Fearnside (2005) ressalta que antes do Plano Real (1994), a hiperinflação dominou a economia do Brasil durante décadas, o que tornou as terras muito valorizadas, e os preços atingiam níveis mais altos do que poderiam ser justificados como um insumo para a produção agropecuária.…”

“…Como forma de estimular o fluxo migratório, houve incentivos fiscais e a desapropriação de terras devolutas para projetos agropecuários, liberação de crédito rural, isenção de impostos e concessão de terras oferecidas a empresários que estivessem dispostos a investir em atividades na região. Houve também a disponibilização de fundos internacionais oferecendo recursos para investimentos em usinas hidrelétricas, portos e ferrovias, e o resultado desse processo foi o crescimento expressivo da economia, da população e do desmatamento (SELUCHINESK, 2008;ALVES, 2002;Maeda et al, 2008;CARVALHO et al, 2016).…”

“…O objetivo do governo, com essas políticas públicas, foi de integrar economicamente essa região ao restante do país. Castro (2005) afirma que as modificações contínuas da floresta nativa da região Amazônica, especialmente nos estados de Mato Grosso, Maranhão, Pará e Rondônia tiveram seu uso do solo enormemente alterado, com redução de biodiversidade (florestal e animal). Silva et al (2017) ressaltam que nos últimos anos o uso da terra de forma errônea e contínua na Amazônia brasileira tem atraído atenção devido ao desmatamento acelerado, resultado de ocupação desordenada por meio de programas de desenvolvimento, o que vem tornando-se um problema global, pois a utilização de recursos naturais de forma não racional, causando impactos irreversíveis aos ecossistemas.…”