O estágio curricular obrigatório configura-se, simultaneamente, como dispositivo pedagógico e desafio permanente para os cursos de Odontologia, tendo em vista seu papel estratégico na articulação do processo formativo com o Sistema Único de Saúde (SUS). O presente artigo é uma revisão integrativa sobre o tema, constituída a partir de 29 artigos, geradores de uma metassíntese cujo objetivo foi criar uma interpretação ampliada desses estudos. Os aspectos positivos mais mencionados relacionaram-se às características do processo de trabalho vivenciado nas unidades de saúde enfatizando a utilização de tecnologias leves, tradicionalmente ausentes no ambiente clínico-cirúrgico nas disciplinas tradicionais. Quanto aos pontos negativos, além das limitações institucionais, emergiram a dificuldade dos professores/preceptores no acompanhamento dos estagiários e o distanciamento dos dentistas das interações nas equipes multiprofissionais. Infere-se da análise empreendida que ainda não existe um consenso acerca da função estruturante dos estágios nos Projetos Pedagógicos, sendo compreendidos, essencialmente, como atividades desenvolvidas para melhorar a qualidade da formação, com foco exclusivamente nos discentes. Cursos de Odontologia que buscam ser inovadores e protagonistas de mudanças devem imputar ao estágio um papel diferenciado, valorizando seu potencial agregador de elementos que, conjuntamente, significam o núcleo central da formação em Odontologia articulada ao SUS. Para essa valorização, é fundamental que haja permanente envolvimento e participação dos docentes, estudantes e, especialmente, profissionais de saúde e comunidade vinculados às Unidades de Saúde, cenário privilegiado do estágio, nas quais esse dispositivo pedagógico poderia ser desenvolvido de forma plena e compatível com a luta por saúde bucal universal, de qualidade, equânime e pública.