Prevalência e correlatos da depressão com características de saúde e demográficas de universitários de medicina

Abstract

Introdução: A depressão tem prevalência estimada de 7,6% em brasileiros com 18 anos ou mais, sendo mais comum em mulheres. Quanto aos estudantes universitários, esse número alcança a faixa de 15% a 25%, contudo, entre acadêmicos de medicina os índices variam entre 30 a 60%. Objetivo: Avaliar a prevalência de depressão e correlacioná-la com características de saúde e demográficas de estudantes do curso de medicina de uma faculdade do interior do nordeste brasileiro. Material e Métodos: Estudo descritivo, transversal, com abordagem quantitativa com 138 estudantes de medicina das Faculdades Integradas de Patos (76,7% do universo de pesquisa), utilizando-se do Inventário de Depressão de Beck, e realizando correlações estatísticas com o software IBM SPSS Statistics. A coleta de dados foi realizada após a aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa das Faculdades Integradas de Patos - CAAE: 56479516.8.0000.5181/Número do Parecer: 1.582.097/2016. Resultados: A prevalência de depressão nos estudantes foi de 52,8%, distribuídos em depressão leve (39,1%), moderada (12,3%) e grave (1,4%). Maiores pontuações de depressão em mulheres (r = 0,24; p < 0,01), naqueles sem bolsa de estudo (r = 0,27; p < 0,01), entre os alunos que já pensaram em desistir do curso (r = 0,48; p < 0,01) e os que já precisaram tomar medicamento devido ao curso (r = 0,24; p < 0,01). Conclusões: O estudo indicou quadro depressivo leve entre os estudantes, sinalizando a necessidade de intervenções urgentes.

Ser médico no Brasil na concepção de graduandos de Medicina

“…Evidências confirmam uma relação entre o excesso de horas trabalhadas, a ausência de sono reparador, a falta de estímulos gratificantes, a falta de perspectivas e o nível de estresse experimentado e a diminuição da qualidade de vida do médico (Shanafelt et al, 2011, Guedes et al, 2019.…”

“…A visão negativa em relação à prática médica que estes estudantes demonstram, às portas da formatura, refletem o que vivenciam no treinamento em serviço e uma expectativa negativa quanto ao futuro mercado de serviços de grande parte da força de trabalho médica no país, com grande diferença entre o que se espera da profissão médica e o que realmente é a vivência médica cotidiana no país (Rotenstein et al, 2016;Guedes at al., 2019;Firth-Cozens & Moss F, 1998). Estudos mostram que os altos níveis de estresse, inclusive, afetam a capacidade de apreender conhecimentos e o treinamento prático em Medicina.…”

“…Estudos recentes demonstram grandes diferenças entre o perfil do médico preconizado pelas diretrizes e o perfil idealizado e vivenciado pelos estudantes. No treinamento profissional, há uma quebra dessa idealização quando se deparam com a dificuldade psicológica em lidar com o sofrimento do paciente e a desilusão referente aos desejos de reconhecimento e boa qualidade de vida financeira e emocional (Grosseman & Stoll, 2008;Vizzaccaro, Mota & Alves, 2011;Rotenstein et al, 2016;Guedes et al, 2019). O sofrimento psicológico procedente do aprendizado e do exercício da Medicina é vivenciado de maneiras diferentes ao longo do curso médico e da vida profissional.…”

“…O sofrimento psicológico procedente do aprendizado e do exercício da Medicina é vivenciado de maneiras diferentes ao longo do curso médico e da vida profissional. Entretanto, esse sentimento é uma das causas das altas taxas de distúrbios psicológicos e psiquiátricos, entre eles os transtornos depressivos e ansiosos, e a alta taxa de ideações suicidas e suicídios entre estudantes e profissionais (Rotenstein et al, 2016;Guedes et al, 2019;Shanafelt et all., 2011). Research, Society and Development, v. 9, n. 11, e74691110595, 2020 (CC BY 4. (Lei nº 11.196, 2005).…”

Investigação das alterações emocionais e comportamentais de universitários iniciantes em Medicina e Enfermagem

“…Ao ingressarem no contexto universitário os estudantes estão sujeitos às variáveis reforçadoras, contudo também as outras aversivas e punitivas muitas vezes, como ausência da família, pressão por notas, busca de novo suporte social, entre outras (Bolsoni & Guerra, 2014). Nesse cenário, graduandos de áreas da saúde, como medicina e enfermagem, são acometidos em maior número por tais condições, em função de lidarem com demandas extremamente pesadas de saúde e morte Santos et al, 2018;Guedes et al, 2019). A partir de tais dados, ressalta-se que, nos últimos tempos, há uma grande preocupação em relação à saúde mental de tais acadêmicos (Amorim et al, 2018).…”