O objetivo deste estudo foi avaliar o efeito de algumas características maternas sobre o uso do sulfato ferroso entre puérperas pertencentes a cinco estudos perinatais do Município de Rio Grande, Rio Grande do Sul, Brasil. Entre 1º de janeiro e 31 de dezembro dos anos 2007, 2010, 2013, 2016 e 2019, entrevistadoras previamente treinadas aplicaram, em até 48 horas após o parto, ainda no hospital, questionário padronizado a todas as puérperas residentes nesse município e que tiveram parto nos dois únicos hospitais locais. Foram investigadas características demográficas, socioeconômicas e cuidados recebidos durante a gestação e o parto. Teste qui-quadrado foi utilizado para comparar proporções e regressão de Poisson com ajuste robusto da variância na análise multivariável. A medida de efeito utilizada foi razão de prevalências. Dentre as 12.645 participantes (98,1% do total), 74,5% (IC95%: 74,7-76,2) utilizaram o sulfato ferroso durante a gestação. Essa prevalência variou de 61,7% (IC95%: 59,7-63,6) em 2007 a 81,1% (IC95%: 79,5-82,7) em 2019 (valor de p para tendência < 0,001). Após ajuste, verificou-se que a suplementação de sulfato ferroso foi significativamente maior entre gestantes adolescentes, de menor escolaridade (0-8 anos), pertencentes ao menor quartil de renda, que realizaram pré-natal considerado adequado e no setor público de saúde (p < 0,05). Houve grande melhora na prevalência de uso de sulfato ferroso no período estudado, no entanto ainda falta atingir a equidade. Recomenda-se que os profissionais de saúde priorizem as mulheres com mais idade, com melhor nível socioeconômico e que utilizam o setor privado de saúde durante o pré-natal.