Inserido no grupo de pesquisa, registrado no CNPq, "Vozes (In)fames: exclusão e resistência", sob a coordenação geral da Profa. Dra. Maria José R. F. Coracini, o presente trabalho pretendeu investigar, através da escrita do livro Quarto de despejo: diário de uma favelada (de Carolina Maria de Jesus), se a escrit(ur)a de si poderia ou não se configurar como dispositivo de (r)existência. E, em caso positivo: como, quando, em relação a quê e em que lugares ela se manifestaria. A pesquisa é pautada na perspectiva teórico-filosófica discursivo-desconstrutivista que se apoia nos estudos do Discurso (a partir do viés foucaultiano), da Psicanálise (lacaniana) e da Desconstrução (derrideana). Nosso objetivo específico é conhecer, compreender e trazer à baila o modo como a escrit(ur)a pode funcionar como (r)existência para a autora. E, como objetivo geral, visamos contribuir para os estudos de Linguística Aplicada -no que tange a questões sobre identidade e discurso -, colaborando também para a formação de professores e alunos, no que diz respeito à discussão de temas sociais. Analisamos a materialidade linguística, observando, principalmente, as representações de si, do outro, da favela, de leitura e escrita. Resultou de nossa pesquisa, a observação de indícios de que há uma (r)existência possibilitada pela escrit(ur)a de si. Tal (r)existência se dá em relação à condição econômico-social da autora, emergindo em três esferas, concernentes aos fatos de ela ser mulher, negra e favelada. Através da singularidade de sua escrit(ur)a, a qual emerge no entremeio das dualidades que aparecem na materialidade linguística, o sujeito (r)existe se diferenciando dos demais habitantes da favela e construindo um destino, um modo de ser/estar no mundo, diferente daquele que se esperaria para uma mulher negra, favelada e com pouca instrução.