Por uma democracia para a educação: autonomia, liberdade e governo de si nas ocupações secundaristas de São Paulo

Abstract

Agradeço à minha mãe, Leda (in memoriam), por ter me mostrado, no pouco tempo em que me foi permitido estar com ela nesta vida, a importância do amor e do conhecimento. Talvez de forma inconsciente, ela também tenha me ensinado a importância da democraciacantando, sempre que podia, "Pra não dizer que não falei das flores", do Geraldo Vandré. Assim, eu cresci acreditando "nas flores vencendo o canhão". Agradeço também, ao meu pai, José Mário, por levar adiante os esforços de minha mãe, e me apoiar em toda minha trajetória de estudos, através de tempos bons ou ruins. É dele a inspiração para enfrentar todos os dias com alegria, leveza e gentileza. A Diogo Custodio, companheiro de vida por 12 anos, que esteve ao meu lado apoiando os meus sonhos, e que, mesmo não mais nesse papel, continua na primeira fila da torcida pelo meu sucesso. À Professora Maria Luisa Sandoval Schmidt, minha orientadora, por sua acolhida, sempre gentil, e seus direcionamentos, sempre atentos, construtivos e precisos. E ao grupo de pesquisa, por ela conduzido, que com tanta disposição e afeto, contribuiu para a construção e finalização deste trabalho. Ao Mestre e querido amigo Omar Ardans, por me mostrar o caminho dentro da Psicologia, para um olhar social e crítico. Nele encontrei o amor pela democracia como ideia e como modo de vida, materializados em uma pessoa. Sua amizade, incentivo, apoio e suporte foram imprescindíveis para que eu chegasse até aqui. À Professora Eda Tassara, que me acolheu no período do mestrado em seu grupo de pesquisa de Psicologia Socioambiental no IPUSP, e deixou enraizada em mim a frase de Lina Bo Bardi, ao descrever o que seria a Política Ambiental: "A construção intencional, compartilhada e poética do futuro". É isso que busco desde então, em tudo o que faço. Aos estudantes secundaristas, que com seus corpos indóceis e corajosos, decidiram não ser governados de uma certa forma, e deixaram, assim, a mensagem da autonomia, da liberdade e do autogoverno para estes tempos distópicos para a democracia brasileira. Que essa mensagem continue nos inspirando a resistir e a agir na direção da sociedade que queremos. A todas as mulheres e amigas que são minha inspiração e meu suporte. Cada uma delas, a sua maneira e em seu tempo, deixou uma marca em mim, e faz parte deste caminho da graduação até o doutoramento:

Ignacio Martín-Baró em diálogo: contribuições para os estudos latino-americanos

“…O método Paulo Freire de alfabetização parte da realidade do educando, do seu contexto social e caminha na direção da "educação como prática de liberdade" (Freire, 2020, p. 14) Ribeiro, 2016;Oliveira, 2022;Zibas, 2008).…”

“…Tanto no Brasil, quanto no Chile, utilizando-se de ferramentas e plataformas na internet, como as redes sociais, os estudantes e seus apoiadores (como as mídias alternativas e organizações políticas solidárias à causa) puderam apresentar um contraponto às notícias dos grandes conglomerados empresariais midiáticos, que buscavam inicialmente desqualificar e atacar o movimento dos secundaristas. A divulgação nesses espaços desempenhou um importante papel de desmistificar o processo de ocupação, apresentando as demandas dos estudantes, o cuidado e a manutenção do espaço escolar, a promoção de atividades culturais e formativas, além de denunciar as arbitrariedades e abusos cometidos pelo poder público (Oliveira, 2022).…”

“…Outro aspecto comum aos dois países foi a preocupação dos estudantes com sua imagem pública, isto é, em visibilizar suas pautas e demandas. Nesse sentido, além do contato com a mídia corporativa, do uso da internet e das redes sociais para disseminar suas reivindicações e atrair mais apoios, os secundaristas também buscaram realizar atividades culturais e formativas, tanto para eles próprios como para a comunidade próxima, tornando as escolas um local de grande efervescência(Oliveira, 2022).Além das assembleias com formato deliberativo, outro elemento comum aos dois países foi a organização do interior das escolas ocupadas por meio de comissões. Tanto no Chile, como no Brasil, o processo foi semelhante.…”

Os Territórios Periféricos Da Metrópole De São Paulo: Do "Desenvolvimento Desigual E Combinado" À "Desconstrução Realmente Existente"

“…A implantação deste loteamento com 460 lotes de 250 m 2 cada se deu no ano de 1962 (vide mapa 1) como um empreendimento familiar, quando São Paulo se encontrava em franco processo de industrialização e metropolização (SEABRA, 2003), embora a propriedade remonte a uma gleba de terra da qual se tem o primeiro registro cartorial em 1921 (GIAVAROTTI, 2012: p.104-110). Ou seja, sua implantação responde a uma demanda por espaço personificada por migrantes nacionais liberados das regiões (OLIVEIRA, 1977) e tornados trabalhadores duplamente livres (GAUDEMAR, 1977) que alcançavam São Paulo e tornavam-se em sua maioria trabalhadores assalariados dos capitais urbano-industriais ali instalados. Muito embora o processo migratório e a metropolização de São Paulo associada a um aumento demográfico inaudito no país apontassem para sua tão almejada modernização, a forma de reprodução destes trabalhadores e suas famílias consubstanciavam um "desajuste extravagante" (SCHWARZ, 1999, p.156).…”

Estrutura econômica e organização socioespacial em Alagoas no século XX

“…34 Por causa dessa praga, a cultura algodoeira no estado praticamente desaparece, após passar por longo processo de letargia 35 Dentre os principais governadores de Alagoas da década de 1930 a1970, exclusive aqueles que governaram menos de um ano, apenas Muniz Falcão (1956)(1957)(1958)(1959)(1960)(1961), não era aliado e nem governou para o setor sucroalcooleiro, ligado ao segmento urbano e trabalhista. Os usineiros como força política dominante em Alagoas ainda nesse período, contraria a tese de Oliveira (1981), para quem a oligarquia algodoeira dominou a política do Nordeste.…”