Política de Avaliação e Programa de Educação Integral no Ensino Médio da Rede Estadual de Pernambuco: os limites da centralidade da avaliação nas políticas educacionais

Abstract

Resumo: O objetivo deste artigo é avaliar a relação entre: 1. a Política de Responsabilidade Educacional, 2. a Política de Avaliação definida pela Rede Estadual de Pernambuco e 3. o processo de implementação do Programa de educação Integral (PEI) nas Escolas de Referência em Ensino Médio (EREMs) e nas Escolas Técnicas Estaduais (ETEs). Com base na análise documental e na análise de conteúdo, trata-se de uma pesquisa de cunho qualitativo cujos instrumentos de coleta de dados foram entrevistas com gestores, docentes, discentes e técnicos e também questionários aplicados com discentes. O referencial teórico amparou-se em Freitas (2012), Ravitch (2011), Algebaile (2009) e outros. Os resultados apontam que no processo de implementação do PEI, a avaliação por resultados está relacionada com estratégias de comando-e-controle que ampliam e intensificam a jornada escolar de docentes e discentes, como um laboratório neoliberal e gerencialista na educação. A partir desse percurso de pesquisa, conclui-se que estratégias como o aumento dos anos de estudo e da jornada escolar camuflam problemáticas como a crise do desemprego estrutural e a diminuição dos investimentos previstos nas políticas sociais como um todo. Palavras-chave: Avaliação. Currículo. Educação Integral.

Racionalidade empresarial, gestão escolar e avaliação na proposta de Ensino Médio Integral em Pernambuco (2008-2018)

“…Sendo assim, as políticas gerencialistas, em diferentes contextos, alteram de maneira distinta as estruturas administrativas tanto em nível mais amplo quanto no campo educacional. Estudo de Drabach (2018) sintetiza, com base em pesquisas de diferentes autores (LIMA, 2013;VERGER;CURRAN;PARCERISA, 2015;HALL e GUNTER, 2015;GRIMALDI et al, 2015), as decorrências das reformas gerencialista para a gestão educacional e escolar em diferentes países.…”

“…Na Catalunha/Espanha também ocorreu uma reforma educacional gerencialista desencadeada, entre outros fatores, pelos maus resultados escolares na prova do Programme for International Student Assessment (Pisa), pelas altas taxas de abandono escolar e pela crise econômica de 2007 e 2008. Esses fatores deram origem à introdução de elementos de "modernização do sistema educativo", visto pelo governo como uma forma de lutar contra a crise econômica (VERGER; CURRAN;PARCERISA, 2015).…”

“…Segundo os defensores da modernização da gestão no sistema de Ensino Catalão, a solução consistia na introdução de incentivos aos docentes, na criação de sistemas de avaliação das escolas e em encarregar um líder escolar pelos resultados à semelhança do que ocorre nas empresas privadas (VERGER; CURRAN; PARCERISA, 2015). Essa reforma culminou com a elaboração de uma Lei estruturada nos pilares da autonomia escolar, gestão e avaliação, recaindo sobre os diretores a competência de contratar professores e arrecadar fundos para a escola; os quais seriam promovidos por mecanismos de avaliação, incluindo incentivos salariais e processo de seleção competitiva (VERGER; CURRAN;PARCERISA, 2015).…”