Abstract:Resumo Com a perda da maioria de suas conquistas para os neerlandeses, o Oriente português ficou reduzido a feitorias residuais, e o Brasil passou a ocupar o centro das atenções nas políticas coloniais. Assim, no século XVIII, a Coroa portuguesa não demonstrou grandes interesses em desenvolver o conhecimento autônomo da natureza do Oriente. Tais interesses se apresentavam vinculados a propósitos de reconfigurar a economia das colônias brasileiras. Ganhava corpo o intuito de aclimatar no Brasil espécies orienta… Show more
“…Para tanto, perscrutava-se rios, matas, minas em busca de exemplares dos reinos animal, vegetal e mineral, sem contar com uma preocupação bastante flagrante com os costumes e o universo material dos mais diferentes povos. Portugal igualmente participa desse processo, organizando expedições pelo Reino e, especialmente, para suas colônias na África e na América, nomeadas "viagens filosóficas", a promoverem uma pulsante circulação de pessoas, exemplares e artefatos e saberes nos mais diversos quadrantes dos espaços coloniais e dos reinos europeus (Walker 2013;Pataca 2006;Faria 2002;Domingues 2001;Brigola 2003;Pereira 2017;Conceição 2016). Para além dos naturalistas, cartógrafos, engenheiros, tiveram papel ativo nessas ações membros da administração colonial, a exemplo de ouvidores, juízes, capitães, governadores, muitos deles formados pela renovada Universidade de Coimbra, inseridos que estavam no serviço útil ao rei e compondo o quadro amplo dos homens de ciência do período em tela (Raminelli 2008).…”
O presente artigo objetiva interpretar as práticas e conhecimentos médicos expostos pelo cirurgião Francisco Antônio de Sampaio nos tratados de História Natural que produziu e em seu diálogo com os homens de ciência da Academia de Ciências de Lisboa. Interessa-nos perceber de que maneiras suas curas, para nos valermos de um termo comum à época, foram descritas e qual era o universo material e de trocas de saberes e fazeres de que dispunha no espaço em que atuara. Destacamos nessa análise as teorias médicas que o cirurgião expunha em seus escritos científicos e uma assídua circulação e ressignificação de saberes e práticas efetuadas pelo “vulgo do país”, conforme escrevia – entre outras expressões – de modo lacônico para promover um apagamento (e, em geral) detração das terapêuticas desses grupos subalternos.
“…Para tanto, perscrutava-se rios, matas, minas em busca de exemplares dos reinos animal, vegetal e mineral, sem contar com uma preocupação bastante flagrante com os costumes e o universo material dos mais diferentes povos. Portugal igualmente participa desse processo, organizando expedições pelo Reino e, especialmente, para suas colônias na África e na América, nomeadas "viagens filosóficas", a promoverem uma pulsante circulação de pessoas, exemplares e artefatos e saberes nos mais diversos quadrantes dos espaços coloniais e dos reinos europeus (Walker 2013;Pataca 2006;Faria 2002;Domingues 2001;Brigola 2003;Pereira 2017;Conceição 2016). Para além dos naturalistas, cartógrafos, engenheiros, tiveram papel ativo nessas ações membros da administração colonial, a exemplo de ouvidores, juízes, capitães, governadores, muitos deles formados pela renovada Universidade de Coimbra, inseridos que estavam no serviço útil ao rei e compondo o quadro amplo dos homens de ciência do período em tela (Raminelli 2008).…”
O presente artigo objetiva interpretar as práticas e conhecimentos médicos expostos pelo cirurgião Francisco Antônio de Sampaio nos tratados de História Natural que produziu e em seu diálogo com os homens de ciência da Academia de Ciências de Lisboa. Interessa-nos perceber de que maneiras suas curas, para nos valermos de um termo comum à época, foram descritas e qual era o universo material e de trocas de saberes e fazeres de que dispunha no espaço em que atuara. Destacamos nessa análise as teorias médicas que o cirurgião expunha em seus escritos científicos e uma assídua circulação e ressignificação de saberes e práticas efetuadas pelo “vulgo do país”, conforme escrevia – entre outras expressões – de modo lacônico para promover um apagamento (e, em geral) detração das terapêuticas desses grupos subalternos.
At the end of the 1770s, Portugal began to prepare to participate in the global strategic repositioning process carried out by the European colonial powers in the second half of the 18th century. The study and the exploration of nature according to the paradigm developed by Linnaeus were part of the process. In 1783, the Portuguese crown sent naturalists to explore its colonies in Africa and America. Portuguese India was practically left aside, were it not for the hurried passage of Manuel Galvão da Silva, on his way to Mozambique. The article addresses the presence of this naturalist in the region of Goa.
Resumo Francisco Antônio de Sampaio atuou como cirurgião por mais de duas décadas em Cachoeira (BA). Nessa vila, produziu e enviou à Academia das Ciências de Lisboa escritos de história natural, embora não tivesse formação específica para esses estudos. Neste artigo analisamos sua produção científica e suas práticas de cura, em particular os usos e descrições das plantas locais e sua relação com diferentes agentes, a exemplo das pessoas do “vulgo local” e do naturalista e juiz de fora Amorim e Castro. Buscamos interpretar sua produção de conhecimento, tanto do ponto de vista da construção de autoridade científica quanto de sua interação com os agentes locais e metropolitanos.
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