Resumo: Localiza-se o protocolo de pesquisa da circulação cultural e dos conhecimentos nas pautas da sociologia da cultura no Brasil. Sob o ponto de vista processual, toma-se por objeto de conhecimento e reflexão as figurações discursivo-epistêmicas e institucionais referidas à diferenciação da sociologia da cultura no interior do campo das ciências sociais brasileiras. São traçados itinerários de linhagens intelectuais, na medida mesma em que descreveremos elementos a nosso ver heurísticos dos seus respectivos quadros de ferramentas conceituais. São analisados três estágios: (1) a abordagem sociológica centrada no problema modernista sobre a figura pública do intelectual encerrado nas condições de uma sociedade de capitalismo dependente periférico; (2) a reorientação analítica na qual o prisma da indústria cultural alcança significativa importância nas formulações sobre a produção simbólica, em especial no que toca às concepções de modernidade brasileira; (3) as possibilidades abertas pela lente da mundialização são retomadas com a finalidade de traçar um quadro não exaustivo do que estamos entendendo como possibilidades do protocolo da circulação cultural e do conhecimento.Palavras-chave: protocolo, circulação, cultura, conhecimento, sociologia da cultura, Brasil.A proposta deste dossiê é apresentar possibilidades de exploração teórica, analítica e empírica do protocolo de pesquisas relativo ao problema da circulação das culturas e dos conhecimentos, no contexto das várias direções dos trânsitos e circuitos transoceânicos. Enquanto problema sociológico, a circulação cultural e do conhecimento diz respeito aos empréstimos, às transferências, às mimetizações e às recepções cruzadas entre diferentes matrizes sociossimbólicas, saberes, técnicas, ideários, instituições, formatos, mídias e posições de autoria, bem como à formação de esferas públicas, mitologias, afetividades, mercados e identidades intelectuais confrontadas a contextos de produção assimétricos, como o europeu, o africano, o norte e o sul-americano, além do brasileiro. Na medida em que as entendemos como estruturantes de práticas, representações e modos de expressão e comunicação, as circulações culturais do conhecimento são abordadas nos textos que compõem este dossiê como figurações de interdependências sócio-humanas. Ou seja, os artigos examinam os intercâmbios de atores sociais, as transferências e apropriações cruzadas de conhecimentos e bens simbólicos produzidos nas conexões entre as culturas locais, nacionais e transnacionais, constituindo espaços translocalizados de interdependências sociofuncionais. Desse modo, interessa retomar as discussões em torno da formação dos domínios da cultura mais amplos enquanto produção, visibilidade, consagração e consumo de bens simbólicos, privilegiando