Perfil clínico-epidemiológico de pacientes com leptospirose no estado do Pará, no período de 2012 a 2017

Abstract

A Leptospirose é uma doença febril aguda causada pela espiroqueta Leptospira interrogans. Sua transmissão ocorre, principalmente, através do contato com a água ou lama de enchentes contaminadas com urina de animais portadores, sobretudo os ratos. Nessa ótica, foi realizado um estudo descritivo qualitativo com análise de dados secundários disponíveis no Departamento de Informática do SUS (DATASUS), sobre o perfil clínico-epidemiológico leptospirose no estado do Pará entre os anos de 2012 a 2017. Os dados pesquisados foram analisados de acordo com as variáveis: faixa etária, sexo, raça e evolução clínica. Após a análise dos dados, foram evidenciados um total de 782 notificações de casos da doença, no período analisado. O grupo etário mais afetado foi o de 20 a 39 anos de idade. Em relação ao sexo, observou-se predomínio nos homens. Quanto à variável cor, os pardos tiveram 73,9% índice de contágio. Do total de pessoas diagnosticadas com a doença, 11,5% evoluíram para óbito. Observou-se alta incidência da doença no período analisado, com predominância de adultos, homens e pardos. Esse perfil de acometimento pode ser explicado provavelmente pela maior exposição desses grupos à doença, bem como pela composição da população do estado, com ampla preponderância de indivíduos pardos. Nesse sentido, faz-se necessária a adoção, por parte das autoridades de Saúde, de políticas voltadas à prevenção da doença, por meio de ações de educação em saúde sobre a enfermidade para a população, controle da população de roedores e melhorias no saneamento básico da região.

Leptospirose: um estudo epidemiológico dos casos notificados no Brasil entre os anos de 2015 e 2019 / Leptospirosis: an epidemiological study of notified cases in Brazil between the years 2015 and 2019

“…A faixa-etária mais acometida pela leptospirose foi a de 20 a 39 anos, sendo que tais resultados podem estar relacionados com o fato dessa população ser prevalente nas atividades ocupacionais, inclusive nas zonas rurais. Nesse caso, para os trabalhadores dessa zona em questão, o manejo de animais (os quais podem estar contaminados), além do plantio em áreas com possíveis alagamentos, pode propiciar a contaminação desse grupo populacional, sendo que a água pode ser, também, uma via de contaminação (ARAÚJO FILHO et al, 2020;SUGUIURA, 2019). Além disso, a etnia mais acometida pelos casos de leptospirose foi a branca, sendo que não foram encontrados referenciais científicos que justifiquem esse padrão para o presente estudo.…”

“…A leptospirose é uma patologia de caráter zoonótico a qual possui a capacidade de gerar uma infecção multissistêmica, sendo que, a depender de seu curso clínico, pode representar potencial gravidade orgânica MATOS, 2020). O agente causador dessa doença é a bactéria espiroqueta Leptospira interrogans do gênero Leptospira, sendo que pode ser transmitida por meio de água e outros materiais contaminados com a urina excretada por mamíferos roedores portadores desse agente etiológico, sendo o rato o principal deles (MAGALHÃES; MENDES; MELO, 2020;ARAÚJO FILHO et al, 2020;BRASIL, 2021). A transmissão dessa doença costuma ocorrer principalmente em períodos de chuvas frequentes, sendo que pode afetar seres humanos e animais variados em ambas as zonas urbana e rural (CLAZER et al, 2015).…”

“…O indivíduo doente pode apresentar um amplo quadro sintomatológico, sendo que as principais manifestações iniciais contemplam dores musculares (mialgia), dores de cabeça (cefaleia), e febre, além de dores na panturrilha. A depender da evolução da doença, náuseas, vômitos, fraqueza e icterícia, caracterizando um quadro que deve ser manejado com urgência, Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 5, n. 2, p. 5964-5979, mar./apr., 2022. na medida que tais sintomas são frequentes em outras síndromes febris (ARAÚJO FILHO et al, 2020) Um fator importante a ser considerado para o diagnóstico diferencial é a história do paciente, sendo que informações sobre sua moradia são muito relevantes, uma vez que populações vulneráveis (a exemplo dos moradores de rua) estão sujeitos à essa patologia com maior frequência, tendo em vista a falta de acesso à condições básicas de higiene, além de dificuldade de acesso aos serviços de saúde (COUTO, 2020). Além do diagnóstico feito de forma clínica, pode-se lançar mão do diagnóstico laboratorial, por meio de sorologia por microaglutinação (MAT) com a identificação de anticorpos relativos ao patógeno, cerca de 5 a 7 dias depois da apresentação sintomatológica inicial (GUEDES et al, 2020).…”