Abstract:Resumo Neste artigo, eu proponho uma tradução do romance A gorda, escrito por Isabela Figueiredo. Se a literatura não é um lugar essencialmente de emancipação, esforço-me em traduzi-lo, enquanto prática política de leitura, a partir da noção de gênero, segundo teorias que diagnosticam e problematizam a condição do corpo da mulher como objeto de discursos e práticas de opressão. Para tanto, parto da hipótese de que a forma como o romance de Isabela foi escrito aproxima-o da noção de “escrita de si”. Dessa manei… Show more
O presente artigo analisa a obra A Gorda (2016) da escritora portuguesa Isabela Figueiredo. Proponho que a narrativa em causa questiona – e, em última instância, subverte – a ideia do corpo feminino enquanto objeto de consumo decretada por uma sociedade na qual a aparência física constitui um dos marcadores identitários fundamentais do sujeito. Defendo igualmente que A Gorda expõe uma sociedade ocidental que, ao ser predominantemente gordofóbica, sentencia o corpo gordo da mulher ao que apelido de corpo-fracasso. Por fim, advogo que o romance analisado se revela um marco incontornável da literatura portuguesa contemporânea, na medida em que alerta o leitor no sentido de uma valorização do indivíduo para além dos estereótipos (castradores) de beleza vigentes, contribuindo assim para uma disrupção da ordem hegemónica patriarcal, em particular das suas narrativas (violentas) sobre o corpo gordo da mulher.
O presente artigo analisa a obra A Gorda (2016) da escritora portuguesa Isabela Figueiredo. Proponho que a narrativa em causa questiona – e, em última instância, subverte – a ideia do corpo feminino enquanto objeto de consumo decretada por uma sociedade na qual a aparência física constitui um dos marcadores identitários fundamentais do sujeito. Defendo igualmente que A Gorda expõe uma sociedade ocidental que, ao ser predominantemente gordofóbica, sentencia o corpo gordo da mulher ao que apelido de corpo-fracasso. Por fim, advogo que o romance analisado se revela um marco incontornável da literatura portuguesa contemporânea, na medida em que alerta o leitor no sentido de uma valorização do indivíduo para além dos estereótipos (castradores) de beleza vigentes, contribuindo assim para uma disrupção da ordem hegemónica patriarcal, em particular das suas narrativas (violentas) sobre o corpo gordo da mulher.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.