A proposta do artigo é analisar a trajetória de uma professora primária municipal do Rio de Janeiro e militante no movimento operário, Elisa Scheid, a partir de seus escritos e indícios de suas ações, pesquisados nos jornais de grande circulação da cidade e nos impressos vinculados aos movimentos de trabalhadores. O estudo se insere em pesquisa mais ampla sobre a trajetória de mulheres, com destaque para as professoras, e sua participação nas lutas por direitos civis, políticos e no mundo do trabalho, entre os séculos XIX e XX. A análise realizada sugere que Elisa Scheid constituiu ampla rede de sociabilidade, baseada nas suas experiências familiares e de formação educacional, na prática do magistério primário nos subúrbios cariocas e na sua inserção em associações, publicações e organizações políticas formais. Participou da criação e da direção da União Operária do Engenho de Dentro e do Partido Operário Independente. A despeito das interdições e desigualdades históricas de gênero, classe e raça, nossa hipótese é a de que a professora representou liderança proeminente na defesa dos direitos dos/as trabalhadores\as e da educação, atuando na propaganda político-partidária e na formação de agremiações trabalhistas. Os indícios de sua trajetória retratada neste artigo evidenciam a ocupação de espaços públicos possíveis a algumas mulheres, ao menos àquelas pertencentes aos meios letrados. Suas lutas políticas relativizam a representação corrente sobre o suposto predomínio do mundo doméstico como limite para as experiências femininas naquele contexto histórico.