Paulo Freire, Education, Dissemination and Natural Science Museums: relationships and tensions

Abstract

The year 2020 celebrates the centenary of Paulo Freire, which takes place in the midst of the rescue of the founding concepts of his work and demonstrates the relevance of his critical thinking. His ideas have been present in Museology since the 1970s, influencing museological research and practice. In natural science museums, several works from the 1990s seek to identify theoretical and methodological trends in science education in exhibitions and educational activities. Within these trends, one can see the absence of productions that are based on critical theories and on Paulo Freire's ideas, which has been occurring more recently. This text discusses the articulations between research and practices in the fields of education and communication and science museums, questioning whether and how Paulo Freire's ideas became present. It was also intended to discuss the use of Freirean ideas in the context of science museums, focusing on two movements: scientific literacy and the relationships between science, technology, society and the environment. At the end, we propose some paths and argue in favor of a more intense use of some of the key concepts of Paulo Freire's work in the research and practices of natural science museums and problematize, given the complexity, conflicts and tensions that permeate today's world, about what science and what science education and communication we want to support in science museums. Key words: Paulo Freire; Education; Dissimination; Science museums

Divulgação científica como currículo, um currículo para divulgação?

“…Os gabinetes não tinham como finalidade ensinar, no entanto, eles abriram a possibilidade de contar uma outra "história natural" pois, através da exposição de objetos, sua distribuição e classificação formou um novo vínculo entre o objeto e a palavra (FOUCAULT, 2000). O acervo, além de dar visibilidade aos materiais, servia também de ostentação aos seus respectivos donos, visto que os gabinetes eram voltados a uma aristocracia da época (MARANDINO et al, 2022).…”

“…Além disso, as sucessivas crises ambientais propiciavam, entre outros fatores históricos, condições para a emergência de um tipo de educação científica que se relacionasse aos aspectos sociais: daí se vê nas décadas de 1960 e 1970 o aparecimento de muitas propostas curriculares dando ênfase a relação ciência-tecnologia-sociedade (CTS) (SANTOS, 2007). Marandino et al (2022) citam como se ocorre uma virada no campo museológico a partir da década de 1970, com a introdução de uma perspectiva Freiriana, na qual se enfatizava a "construção da memória e das narrativas histórico-culturais" ao campo museal. Essa mudança foi uma reação as ditaduras antidemocráticas e fascistas que ocorreram na América Latina no mesmo período.…”

“…Nesse aspecto, passa a ser importante reduzir a distância entre a sociedade e os laboratórios de ciência, e essa própria ideia passou a orientar as atividades de divulgação científica. O lançamento do Sputnik (1957), por exemplo, repercutiu em diversas áreas, incluindo no ensino de ciências, alterando o currículo escolar para combater o que era chamado de "analfabetismo científico", essa remodelação chega aos museus incorporando o debate científico e tecnológico (MARANDINO et al, 2022). Além disso, os próprios efeitos do desenvolvimento científico e tecnológico, impactaram diretamente a economia, reforçando o debate em torno da educação CTS, principalmente no seu caráter transversal, visto que se tornou urgente um engajamento político da sociedade.…”

Alfabetização científica e museus na Serra da Capivara

“…Regressando ao pensamento freiriano, deveras consorte à Mesa-Redonda de 1972, Marandino et al (2022) mencionam que: i) -os estudos do educador tornaram-se intensos na educação em ciência, especialmente com o processo de redemocratização do Brasil; ii) -a educação popular e problematizadora ganhavam força nessa época; iii) -Paulo Freire criticava a educação acrítica, mecanicista e puramente cognitivista; iv) a criticidade se dá em uma relação com a realidade objetiva e não apenas com um conceito ou um experimento.…”