“…1 No âmbito da história das ciências sociais, em que pesem as assimetrias que marcaram a produção e a circulação das ideias sociológicas, expressas, desde o fim da Segunda Guerra Mundial, pela crescente hegemonia dos padrões organizacionais e cognitivos das ciências sociais norte-americanas, estudos transnacionais têm chamado a atenção para as fontes heterogêneas que constituíram diferentes tradições de conhecimento, não mais concebendo-as apenas a partir de enquadramentos nacionais estanques e autorreferidos (Heilbron et al, 2008), e para as ideias e os espaços de circulação compartilhados entre cientistas sociais de diversos países, tanto ao Norte como ao Sul do globo (Rosemblatt, 2014). No Brasil, não só o papel de agências multilaterais e de tradições disciplinares estrangeiras tem sido examinado no tocante ao desenvolvimento das ciências sociais (Maio, 1997;Villas Bôas, 2006a), mas também a produção sociológica local tem sido estudada com base em molduras históricas mais amplas, que indicam as trocas ou as similitudes com ideias gestadas em cenários igualmente periféricos (Brasil Jr., 2011;Maia, 2011). Ao analisar o papel das teses de Oliveira Vianna na produção sociológica de T. Lynn Smith sobre o Brasil, assim como sua repercussão posterior nos trabalhos de José Arthur Rios, um dos continuadores da sociologia rural de matriz norte-americana representada por Smith, buscamos conferir maior complexidade ao estudo dos fluxos de ideias entre centro e periferia, contribuindo, desse modo, para a desprovincialização da história do pensamento social no Brasil.…”