“Parentalidade Minimamente Adequada”: Contributos paraaoperacionalização do conceito

Abstract

Apontado na literatura como um conceito de referência nas avaliações da parentalidade, a "parentalidade minimamente adequada" está, contudo, insuficientemente refletida e operacionalizada. Este artigo procura abrir essa discussão, a partir da apresentação e discussão dos resultados de três focus group (FG) de profissionais, das áreas social, judicial e académica, aos quais foi diretamente colocada a seguinte questão: o que é e quais são os indicadores de "parentalidade minimamente adequada"? O conteúdo das discussões foi analisado utilizando o software QSRnVivo 8. As categorias de conteúdo apontam para indicadores qualitativos de parentalidade mínima, distribuídos por diferentes níveis ecológicos (indivíduo, microssistema e contexto social). É também referida a impossibilidade de se alcançar uma formulação universal do que constitui uma "parentalidade minimamente adequada" e de se utilizar apenas um tipo de indicadores para a caracterizar. Com base nos contributos deste estudo é proposta uma matriz tridimensional de operacionalização do conceito.Palavras-chave: "Parentalidade minimamente adequada", Avaliação, Risco, Norma, Análise de conteúdo.A avaliação da parentalidade no âmbito do sistema de promoção e proteção da infância é uma tarefa exigente, tendo em conta as suas implicações na vida das crianças e suas famílias. Por esta razão, é importante que subjacente a tais avaliações estejam conceitos claros e aceites por todos os intervenientes (técnicos, juízes, pais, sociedade em geral). Não obstante esta é precisamente uma das limitações comummente apontada à avaliação das capacidades parentais (Azar & Benjet, 1994;Budd & Holdsworth, 1996Budd, Poindexter, Felix, & Naik-Polan, 2001;Hurley, Chiodo, Leschied, & Whitehead, 2003; Kellet & Apps, 2009).O conceito de "parentalidade minimamente adequada" (Budd & Holdsworth, 1996) remete para os critérios a que devem obedecer os juízos relativos à qualidade da parentalidade, sendo apontado como referencial de boas práticas, por contraponto à utilização do critério da parentalidade ótima. Ou seja, os profissionais deverão avaliar se as práticas parentais dos prestadores de cuidados são ou não suficientes para garantir a segurança e o bem-estar da criança. Mais especificamente, a "parentalidade minimamente adequada" corresponderá à "quantidade mínima de cuidado necessária de modo a não causar dano à criança" (Centre for Parenting and Research -New South Wales Department of Community Services, 2006, p. 1), atendendo à especificidade da relação entre cada criança e o prestador de cuidados avaliado. Segundo Fernández e Puyana (2009, p. 120) este conceito implica que: (1) existem dimensões da parentalidade consideradas essenciais; (2) as capacidades parentais se representam num continuum 157A correspondência relativa a este artigo deverá ser enviada para:

What do you Think about Parenting? Challenges to Cohesiveness in Child Protection Teams

“…Regarding the mode of indicators, criteria related to parenting capacity generated more agreement and the criteria related to parenting skills and practices were subject to more disagreement in all of the factors. Effectively, these skills‐focused criteria were highly sensitive to the specific needs of each child over time, as parents/caregivers are required to update their skills continually (Pereira & Alarcão, 2014; Pezzot‐Pearce & Pearce, 2004). Consequently, it may be more difficult for practitioners to define the clear criteria for assessing parenting, thereby increasing their uncertainty on the adequacy of their findings related to interventions with long‐term implications in the lives of children and families.…”

“…In understanding parenting as a process of caring and promoting the child's best development (Coordination des ONG pour les droits de l'enfant, 2011; Pereira, 2019), the assessment locates the evaluated parents or carers in a continuum between the optimal and the most detrimental parenting, distinguishing as clearly as possible the point that justifies service intervention, where parenting cannot be qualified as minimally adequate. In 2014, a qualitative study developed in Portugal (Pereira & Alarcão, 2014) asked three professional groups, namely, academics, judges and social workers, about the criteria that could be used to define ‘minimally adequate parenting’. The outcome of this study was the matrix of operationalisation on the concept of ‘minimally adequate parenting’ (Figure 1) that proposes a tridimensional perspective: through it, the criteria used to assess parenting may be characterised in terms of their ecological origin (Bronfenbrenner & Evans, 2000), their mode and their time markers.…”

“…Matrix of operationalisation of the concept of minimally adequate parenting. From [Pereira & Alarcão, 2014]. © [2012] by ISPA‐CRL.…”

Parental Involvement and Stress in Children’s Quality of Life: A Longitudinal Study with Portuguese Parents during the COVID-19 Pandemic Period

“…The process of parenthood presumes the satisfaction of the child's physical, emotional, cognitive, and social needs, with the aim for children to become more autonomous [3,98]. Since children's QoL is strongly related to their mental health and subjective well-being, the protective nature of the partnership between the family, school, and community context is a key point [57], especially during a pandemic.…”

Por Que Elas Se Separam: O Fim Da Conjugalidade Na Transição Para a Parentalidade

“…O casal parental é responsável por garantir comprometimento com o futuro da prole. Os cuidados são hoje exercidos de forma mais equilibrada entre mães e pais, devendo fornecer segurança, proteção e afeto à próxima geração (Castoldi;Gonçalves & Lopes, 2014;Pereira & Alarcão, 2014). Contudo, no cenário atual, marcado pela valorização de projetos individuais, pela realização profissional e pela busca da felicidade pessoal, o exercício da parentalidade pode ser encarado como um desafio para os casais contemporâneos.…”