Propomos neste ensaio uma abordagem histórica e teórica da noção de desamparo na obra de Freud entre 1895 e 1927. Neste estudo, sobressaem-se dois eixos de análise principais. Inicialmente, a noção de desamparo se encontra vinculada ao fato da prematuração orgânica, e, posteriormente, estende-se como condição de base para as significações das experiências mais iniciais do eu. Ambos os eixos denotam que a noção de desamparo remete a um estado de desproteção irremediável, que se determina no limite entre as esferas do orgânico e do simbólico, as quais assumem, no curso do desenvolvimento psíquico, um estatuto de complementaridade.