Para Adentrar O Portal Da Dor Do Parto: Corpo, Gênero E Significações Heterogêneas Em Contextos Diversos

Abstract

O artigo visa estimular a reflexão sobre a multiplicidade semântica da noção de “dor de parto” a partir do cotejamento de narrativas sobre situações diferentes entre si. Esta noção vem sendo problematizada por atrizes engajadas no movimento que foi chamado, no Brasil, de “humanização” do parto e do nascimento (DINIZ, 2005), as quais defendem uma experiência de parto satisfatória, respeitosa e até mesmo prazerosa. Por outro lado, segundo um outro conjunto de mulheres, a dor experimentada não é a decorrente das contrações uterinas e sim do fato de não poder viver o parto idealizado ou o “belo parto” (FONSECA, 2009).

Ventres livres? Pensando sobre cesariana, violência obstétrica e histerectomia no horizonte da justiça reprodutiva

“…Sem pretender menosprezar o valor do redirecionamento éticoepistemológico no campo dos estudos sobre reprodução propiciado pela crítica feminista, no presente artigo gostaríamos de contribuir para o alargamento desse horizonte crítico. Nossa reflexão tem por objetivo estranhar a ideia de "escolha individual", um dos fundamentos do feminismo liberal, que predomina nos debates contemporâneos sobre parto "mais natural" versus cirurgia cesariana (TORNQUIST, 2004;CARNEIRO, 2015;TEMPESTA;CARNEIRO, 2018;TEMPESTA;FRANÇA, 2021; entre outras) e, em alguma medida, também atravessa as decisões de mulheres de classe média sobre a histerectomia (CAVALCANTI, 2019(CAVALCANTI, , 2021.…”