Padrão do Uso de Drogas de Abuso em Usuários de Crack em Tratamento em Uma Comunidade Terapêutica

Abstract

A identificação do perfil de usuários de drogas de abuso é uma das primeiras ações para a elaboração de políticas públicas. Objetivo. O objetivo do estudo é descrever o padrão do uso das principais drogas de abuso em usuários de crack em tratamento em uma Comunida­de Terapêutica. Método. Pesquisa descritiva, com delineamento de série de casos, realizada com 20 usuários de crack acessados em uma Comunidade da região Sul do Brasil, utilizando entrevista semiestru­turada. Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva simples. Resultados. A maioria dos usuários tinha idade entre 20 e 39 anos, não possuía relacionamento conjugal, tinha em média 7,4 anos de estudo, e estavam desempregados. O padrão do uso de drogas caracterizou-se pelo uso múltiplo, com início de drogas lícitas e ilícitas na juventude. A trajetória confirmou uma escalada no uso das subs­tâncias psicoativas, iniciando com o tabaco e/ou álcool e finalizando com o uso de crack. Conclusões. Conclui-se que o perfil dos casos investigados foi semelhante ao descrito na literatura, mas a presença do padrão de uso múltiplo e de uma progressão no consumo de dro­gas remete à necessidade de políticas públicas voltadas a interrupção dessas características.

Gravidade da dependência de cocaína (Fumada e Inalada) em indivíduos em tratamento ambulatorial

“…Progressão do envolvimento com substâncias psicoativas, segundo usuários de cocaína (independentemente da via de uso) (N = 160 Os danos resultantes do aumento do consumo e a circulação dos derivados da cocaína representam uma das principais preocupações na sociedade atual, como evidenciado por diversos estudos (UCHÔA, 1996;GOOTENBERG, 1999;PECHANSKY, 2008;DUAILIBI;LARANJEIRA, 2008;DEGENHARDT et al, 2008;HSER et al, 2006;OPAS, 2009;LARANJEIRA, 2012;LARANJEIRA, 2013;ABDALA et al, 2014;UNODC, 2016). A magnitude dos agravos reflete a pluralidade de fatores individuais, ambientais e socioculturais, que, juntos, constituem os fatores causais (GALEA;VLAHOV, 2002;FERRI et al, 2004;SHORTER et al, 2015) e resultantes do uso nocivo (RIBEIRO, 2004;KILUK et al, 2013;NARVEZ et al, 2015;KESSLER et al, 2012).…”

“…As peculiaridades neuroquímicas da cocaína e a gravidade da dependência resultante também estão relacionadas aos determinantes sociais (CIBA, 1992;GALEA, VLAHOV, 2002;NARVAEZ et al, 2015;SHORTER et al, 2015;UNODC, 2016). Embora as diferentes vias de uso estimulem o mesmo circuito dopaminérgico no Sistema Nervoso Central (SNC) KOOB;MCLELLAN, 2016;SULZER, 2011), as vias inalada e fumada possuem características peculiares em relação à reação provocada no organismo e, por conseguinte, nos comportamentos e nas ações decorrentes do uso.…”

“…Embora as diferentes vias de uso estimulem o mesmo circuito dopaminérgico no Sistema Nervoso Central (SNC) KOOB;MCLELLAN, 2016;SULZER, 2011), as vias inalada e fumada possuem características peculiares em relação à reação provocada no organismo e, por conseguinte, nos comportamentos e nas ações decorrentes do uso. Por toda essa complexidade, os usuários devem ser avaliados em suas singularidades (LOWENSTEIN et al, 1987;DUNN;LARANJEIRA, 1999;GUINDALINI et al, 2006;SHORTER et al, 2015). Estudos avaliaram essas diferenças nas últimas décadas, sobretudo no contexto internacional (LOWENSTEIN et al, 1987;VAUGHN et al, 2010, KILUK et al, 2013, MARTINS et al, 2014PALAMAR;DAVIES;OMPAD, 2015), bem como os níveis de severidade da dependência (REBOUSSIN;ANTHONY, 2006;KILUK et al, 2013;SHORTER et al, 2015;KOOB;MCLELLAN, 2016).…”

“…Por toda essa complexidade, os usuários devem ser avaliados em suas singularidades (LOWENSTEIN et al, 1987;DUNN;LARANJEIRA, 1999;GUINDALINI et al, 2006;SHORTER et al, 2015). Estudos avaliaram essas diferenças nas últimas décadas, sobretudo no contexto internacional (LOWENSTEIN et al, 1987;VAUGHN et al, 2010, KILUK et al, 2013, MARTINS et al, 2014PALAMAR;DAVIES;OMPAD, 2015), bem como os níveis de severidade da dependência (REBOUSSIN;ANTHONY, 2006;KILUK et al, 2013;SHORTER et al, 2015;KOOB;MCLELLAN, 2016). No entanto, evidências apontam que tais diferenças ainda têm sido pouco exploradas em termos de níveis de gravidade e o seu entorno, o que faz com que o tratamento de tais usuários continue sendo um desafio para os profissionais nos diversos serviços de saúde (KESSLER et al, 2012;KILUK et al, 2013).…”