Abstract:Discuto neste artigo os seis requisitos que Aristóteles propõe para as premissas das demonstrações científicas em Segundos Analíticos I 2, 71b20-33. Pretendo mostrar que os seis requisitos não respaldam a interpretação "axiomatizante". Ao contrário, os seis requisitos podem ser entendidos consistentemente de acordo com uma interpretação segundo a qual o traço mais fundamental da demonstração científica consiste na explicação pela causa apropriada.
“…Popper elege a falseabilidade como critério de cientificidade. A perspectiva popperiana estabelece que testes bem-sucedidos de uma teoria não garantem a sua verdade, ao passo que 22 Sobre esses temas, cf., dentre outros, Angioni (2012) e Kneale e Kneale (1980). 23 Poder-se-ia mesmo traçar, desde os gregos, uma história do embate entre simetria e assimetria e do paulatino reconhecimento da assimetria como espaço de jogo e de determinação do que se entende por conhecimento, demonstração e método científico.…”
Resumo: O objetivo do artigo é evidenciar quão fecunda é a falsidade, no âmbito de sua posição assimétrica com a verdade. O núcleo da discussão pode ser sintetizado por meio da seguinte afirmação: se de verdades só se podem tirar verdades, não é possível dizer que a verdade não possa ser tirada da falsidade. A tese central do texto é a de que o comportamento assimétrico da falsidade promove a dissociação entre critério (pautado na conservação da verdade) e campo de validade, de modo que este último, mais amplo que o primeiro, incorpore o movimento, não só da verdade para a verdade, mas também de falsidade para a falsidade e, principalmente, de falsidade para verdade. A distinção entre os campos simétrico e assimétrico permite compreender, por exemplo, a emergência de certas falácias lógicas, a separação entre demonstração e dedução, a tese do falibilismo popperiano e o uso do método hipotético-dedutivo. A verdade, definitivamente, não tem funções análogas às da falsidade.
“…Popper elege a falseabilidade como critério de cientificidade. A perspectiva popperiana estabelece que testes bem-sucedidos de uma teoria não garantem a sua verdade, ao passo que 22 Sobre esses temas, cf., dentre outros, Angioni (2012) e Kneale e Kneale (1980). 23 Poder-se-ia mesmo traçar, desde os gregos, uma história do embate entre simetria e assimetria e do paulatino reconhecimento da assimetria como espaço de jogo e de determinação do que se entende por conhecimento, demonstração e método científico.…”
Resumo: O objetivo do artigo é evidenciar quão fecunda é a falsidade, no âmbito de sua posição assimétrica com a verdade. O núcleo da discussão pode ser sintetizado por meio da seguinte afirmação: se de verdades só se podem tirar verdades, não é possível dizer que a verdade não possa ser tirada da falsidade. A tese central do texto é a de que o comportamento assimétrico da falsidade promove a dissociação entre critério (pautado na conservação da verdade) e campo de validade, de modo que este último, mais amplo que o primeiro, incorpore o movimento, não só da verdade para a verdade, mas também de falsidade para a falsidade e, principalmente, de falsidade para verdade. A distinção entre os campos simétrico e assimétrico permite compreender, por exemplo, a emergência de certas falácias lógicas, a separação entre demonstração e dedução, a tese do falibilismo popperiano e o uso do método hipotético-dedutivo. A verdade, definitivamente, não tem funções análogas às da falsidade.
“…22 Ver Angioni, 2016, p. 95-102;Ferejohn, 2013, p. 81-90;Hasper, 2006;Zuppolini, 2018a, p. 129-132. 23 Sobre esse ponto, ver Angioni, 2012a, p. 42-52. Para outra visão, ver Ferejohn, 2013 Ver Angioni, 2014a, Angioni, 2016, p. 100-102.…”
Section: A1) Aparente Evidência Em Favor De B2* Confirma B5unclassified
O artigo discute o sentido exato da tese segundo a qual o objeto do conhecimento científico é necessário. A tese é expressa por Aristóteles nos Segundos Analíticos, em sua definição de conhecimento científico. Pela interpretação tradicional, essa definição opera com dois requisitos paralelos e independentes entre si, o da causalidade e o da necessidade. Contra essa interpretação, procuro mostrar, pelo exame de várias passagens que aludem à definição de conhecimento científico, que o requisito da necessidade especifica com mais exatidão o da causalidade, pois o que não pode ser de outro modo é a relação explanatória entre o explanandum e a causa pela qual ele é o que é.
“…In other words, the principles are relational in the sense of being prior to other propositions, but objective in the sense of being prior 'in nature' and not 'relative to us.' For an approach that expands this 'relational' aspect of the notion of principle to the other requirements and to its 'necessity', see Angioni (2012) and Angioni (2014), respectively. 33 Ferejohn (2009, 75) objects that interpretations like Kosman's associate Aristotle with coherentism, in opposition to the foundationalist view advanced in the APo.…”
Section: Interdependence Between νοῦς and Demonstrative Knowledgementioning
confidence: 99%
“…a body arranged in such-and-such way for the sake of being a rational soul. 37 On the other hand, the example of an 'item whose cause is not something else' offered in the chapter is 'unit', which suggests that the 34 See Kung (1977, 168-172); Charles (2000;; Williams & Charles (2013); Peramatzis (2011, 180-188;; Angioni (2012;. 35 Ross (1969, 633);Bronstein (2016, 131-143).…”
Section: This Arrangement Holds Of This Type Of Bodymentioning
UNICAMPResumo: Para Aristóteles, conhecimento demonstrativo é o resultado do que ele denomina 'aprendizado intelectual', processo em que o conhecimento da conclusão depende de um conhecimento prévio das premissas. Dado que demonstrações são, em última instância, baseadas em princípios indemonstráveis (cujo conhecimento é denominado 'νοῦς'), Aristóteles é frequentemente retratado como promovendo uma doutrina fundacionista. Sem contestar a nomenclatura, tentarei mostrar que o 'fundacionismo' de Aristóteles não deve ser entendido como uma teoria racionalista da justificação epistêmica, como se os primeiros princípios da ciência pudessem ser conhecidos enquanto tais independentemente de suas conexões explanatórias com proposições demonstráveis. Argumentarei que conhecer os primeiros princípios enquanto tais envolve conhecê-los como explicações de outras proposições científicas. Explicarei, então, de que modo conhecimento noético e conhecimento demonstrativo são, em certo sentido, estados cognitivos interdependentes -ainda que o conceito de νοῦς se mantenha distinto de (e, nas palavras de Aristóteles, mais 'preciso' do que) conhecimento demonstrativo. Palavras-chave: Aristóteles; fundacionismo; ciência; demonstração.Abstract: For Aristotle, demonstrative knowledge is the result of what he calls 'intellectual learning', a process in which the knowledge of a conclusion depends on previous knowledge of the premises. Since demonstrations are ultimately based on indemonstrable principles (the knowledge of which is called 'νοῦς'), Aristotle is often described as advancing a foundationalist doctrine. Without disputing the nomenclature, I shall attempt to show that Aristotle's 'foundationalism' should not be taken as a rationalist theory of epistemic justification, as if the first principles of science could be known as such independently of their explanatory connections to demonstrable propositions. I shall argue that knowing first principles as such involves knowing them as explanatory of other scientific propositions. I shall then explain in which way noetic and demonstrative knowledge arein a sense interdependent cognitive states -even though νοῦς remains distinct from (and, in Aristotle's words, more 'accurate' than) demonstrative knowledge.
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