Aristóteles e a necessidade do conhecimento científico

Abstract


 O artigo discute o sentido exato da tese segundo a qual o objeto do conhecimento científico é necessário. A tese é expressa por Aristóteles nos Segundos Analíticos, em sua definição de conhecimento científico. Pela interpretação tradicional, essa definição opera com dois requisitos paralelos e independentes entre si, o da causalidade e o da necessidade. Contra essa interpretação, procuro mostrar, pelo exame de várias passagens que aludem à definição de conhecimento científico, que o requisito da necessidade especifica com mais exatidão o da causalidade, pois o que não pode ser de outro modo é a relação explanatória entre o explanandum e a causa pela qual ele é o que é.

Essência e necessidade metafísica no livro II dos Segundos Analíticos de Aristóteles

“…O domínio (mastering) de um corpo científico é importante, mas ele é definido em termos de apreensão adequada de explicações particulares naquele domínio. Para compreender isso, devemos refinar mais a distinção ii acima, pois Aristóteles usa o termo episteme não apenas para falar do estado do indivíduo que sabe cientificamente uma proposição específica, mas, seguindo Lucas Angioni (2020), ele está preocupado também com a questão (ii*) "em que consiste ter conhecimento científico de um dado teorema de uma dada ciência (e.g., da geometria)? ", em oposição à questão (i*) "em que consiste uma dada ciência (e.g., a geometria)?".…”