Os mortos e os vivos: uma introdução ao espiritismo

Tradi(u)ção E Violência – As Traduções De Levítico 20,27

“…Já na Umbanda, a incorporação de entidades espirituais, que para muitos são reconhecidas como antepassados 37 , é um dos pilares da religião, assim como a Jurema e seus mestres e encantados 38 . Além das religiões indo-afro-brasileiras, outras religiosidades também mantêm esse tipo de contato com seres espirituais, como é o caso do Espiritismo, em que a incorporação de pessoas desencarnadas é o cerne da sua doutrina 39 .…”

Natureza e espiritualidade em um Centro Espírita Kardecista

“…Propondo uma sincronia entre as três diferentes potências -a ciência, ao aplicar o raciocínio cientifico sobre a interação entre o mundo material e o dito "mundo espiritual", a filosofia, da qual os questionamentos abrangeram a metafisica, a epistemologia, a política, a estética e principalmente a ética, e a religião, não apenas por seu posicionamento teológico, mas principalmente por seu fundamento de lidar com entidades do "mundo dos mortos" (Prandi, 2012& Stoll, 2003. Sendo que, em princípio, esse "mundo dos mortos" foi o que interessou a sociedade europeia do século vitoriano.…”

“…Podem-se somar essas a outras teses marcantes que complementam a identidade do Espiritismo, como, por exemplo, a crença em uma teleologia evolucionista e linear mediante sucessivas reencarnações; a crença no valor da instrução e do aprendizado; e a busca de uma desmistificação e consequente "esvaziamento simbólico" de diversas representações tradicionais de religiosidade (Kardec,2012a(Kardec, , 2015. E ainda, conforme Prandi (2012): Para Kardec, o mundo natural não se distingue do mundo sobrenatural, como ocorre, sobretudo, em crenças populares ligadas a outras religiões, e não há distinção entre religião e ciência. (Prandi, 2012, p.41).…”

“…Acadêmicos e aristocratas, esses primeiros espíritas brasileiros possuíam muitas características em comum com outros grupos espíritas espalhados na Europa, inclusive em seu caráter cientificista. As propostas de Kardec não eram entendidas como as de uma nova religião, mas como um movimento paralelo e até mesmo "reformador" da Igreja Católica (Prandi, 2012).…”

“…Dessa forma, a Doutrina Espírita se organizou e se desenvolveu no Brasil sob um modelo próprio de religião, enfocando características capazes de distinguir o espiritismo praticado no Brasil do movimento original iniciado na França, por exemplo: a denominação e compreensão do kardecismo fundamentalmente como religião, a primazia dos preceitos éticos, o incentivo ao trabalho assistencial e voluntario, o vínculo com práticas de tratamento e de cura e a grande produção e consumo de obras literárias (Giumbelli, 1997;Prandi, 2012& Stoll, 2003.…”