Os algoritmos do empreendedorismo: A plataformização do trabalho de entregadores de iFood

Abstract

O presente artigo, inscrito no campo da sociologia da tecnologia, propõe teorizar sobre a plataformização do trabalho através de uma perspectiva do Sul global, colocando em foco a empresa-aplicativo brasileira iFood. Para tanto, analisa o funcionamento e as materialidades técnicas do aplicativo “iFood para Entregadores”, seus Termos de Uso e campanhas publicitárias, dentro de um contexto de (re)produção de subjetividades neoliberais. O artigo busca apresentar diferentes estratégias de gerenciamento do trabalho de entregadores “parceiros” do iFood para produção de novas dinâmicas de precarização, flexibilização e controle.

SIGraDi 2022. Critical Appropriations

“…Os entregadores relatam que o sistema dos aplicativos é uma "caixa-preta" e não fica claro os critérios para os valores pagos por cada pedido, nem para o "ranqueamento" que pode ocasionar o bloqueio temporário na plataforma por falta de pontuação. Ou seja, os trabalhadores cadastrados nas plataformas estão submetidos a um "controle algorítmico", de modo que as plataformas exercem vigilância e controle desse trabalho (Desgranges, 2021).…”

Militaries, militias and unicorns: platform authoritarianism in Brazil

“…In addition to the risk of going without a source of income for an undefined period, some delivery workers go on social media to report having received threats and being verbally abused by donos da praça. The abuse was used to allocate workers in each work shift, the threats were made whenever they expressed the desire to switch During the "App Break" (Breque dos Apps in Portuguese) 45 , which is the name given to two large, national-level work stoppages conducted by food app entregadores in 2020, many workers reported that LO regional leaders threatened to block their accounts as an attempt to stop them from taking part in the demonstrations (Desgranges;Ribeiro, 2021). Liberato (2021) mentions reports involving LO firms and militias in Rio de Janeiro trying to intimidate delivery workers.…”

“Saiu para a entrega”: prazer e sofrimento no trabalho de entregadores por aplicativos

“…As pessoas que trabalham por meio de aplicativos são autônomas, assumindo diversos riscos, como segurança pessoal, adoecimentos, acidentes, danos a terceiros, baixa avaliação dos clientes (em algumas vezes para prejudicá-los), entre outros (Desgranges, 2020;Franco & Ferraz, 2019). A empresa detentora do aplicativo atua como um intermediário nessa relação, assim, não precisa contratar o trabalhador; tampouco investir em meios físicos para a realização do trabalho dele, acarretando a desestruturação do trabalho regulamentado e intensificando a precarização do trabalho (Desgranges, 2020;Franco & Ferraz, 2019;Friedman, 2014).…”