Órfãos do construtivismo

Abstract

In Brazil, the relationship between the need to overcome social, political and educational problems generated by the military dictatorship established in 1964 and the search for didactic-pedagogical responses to the problems of literacy and illiteracy found its synthesis in the constructivist theory resulting from research by Emilia Ferreiro and presented by her as a "conceptual revolution" in literacy. Initially, this theory was characterized as counter hegemonic in the set of ideas and practices of "leftist", and its disseminators presented it as a promise of overcoming political and didactic-pedagogical problems for the literacy of the "popular classes" and "sons of illiteracy". In the last three decades, however, this theory has consolidated itself as hegemonic (and not only for literacy and public school), having founded, through Brazilian appropriations, a new tradition that identifies the "fourth crucial moment" (still current) in the history of literacy in Brazil. And nowadays one can evaluate that the introduction and consolidation of constructivism as a theoretical foundation of educational policies contributed, as a disservice, to create generations of "orphans of constructivism".

Leituras acadêmicas na graduação: ressonâncias na pós-graduação en Brasil

“…A relevância das leituras -que têm as competências leitoras entre os requisitos básicos -para uma formação acadêmico-científica consistente é ressaltada por discentes e por docentes, sendo abordada a partir de diversas perspectivas (Cerigatto e Casarin, 2016;Miguel, Anjos e Santana, 2017;Mortatti, 2016;Pagnan e Souza, 2018;Segabinazi e Lucena, 2016;Silva, 2018Silva, , 2021.…”

“…A história da educação propicia relevante aporte para a análise de alguns desafios atuais, inclusive para identificar fatores estruturais e conjunturais, permitindo inferências acerca de temáticas que, direta ou indiretamente, podem ter implicações com as leituras. Segundo Mortatti (2016Mortatti ( , p. 2283, Articulando a essas as perdas históricas da sociedade brasileira (especialmente na sombria conjuntura atual), constata-se que, em substituição àqueles «filhos do analfabetismo» que motivaram as pesquisas de Emilia Ferreiro, há hoje milhões de brasileiros (incluindo estudantes, professores e pesquisadores) que partilham de outra trágica condição social e política: a dos «órfãos do construtivismo».…”

“…Trata-se de temática relevante, que demanda aprofundamento de pesquisas, haja vista suas implicações com a qualidade da formação (Demo, 2011a(Demo, , 2011bGirotto e Franco, 2017;Mortatti, 2016;Silva, 2018Silva, , 2021Tanzawa e Pullin, 2012). Espera-se, com este texto, contribuir para debates acerca desse tema pelos principais sujeitos dire-1 Considera-se o que aponta Silva (2018, p. 42, grifos nossos): «Para as finalidades deste texto, a categoria leitura é utilizada para se fazer referência ao domínio ou à capacidade de ler; já a categoria leituras é aplicada para se fazer menção ao ato de ler os textos indicados nas bibliografias básicas das disciplinas do curso.…”

A Implementação Do Construtivismo Em Alfabetização Na Perspectiva De Ferreiro E Teberosky Na Rede Municipal De Ensino De São Paulo (1983-1988)

“…Nesse movimento, como aponta Mortatti (2016), despontou a iniciativa de "primeira hora" de sujeitos ligados à Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, que em 1983, durante a gestão do governador André Franco Montoro, instituíram o Ciclo Básico de Alfabetização, cujas mudanças incorporaram o construtivismo em alfabetização como a nova base teórico-metodológica da rede.…”

“…Ainda na década de 1980, com grandes investimentos financeiros e políticos das autoridades educacionais para convencimento sobre a relevância e viabilidade pedagógica do construtivismo (MORTATTI, 2016), as proposições de Ferreiro e Teberosky foram ganhando espaço e prestígio por todo o país, tornando-se a principal referência para a formulação de políticas curriculares nos estados e municípios, para o desenvolvimento de pesquisas acadêmicas em nível de pós-graduação e para a promoção de cursos de formação (inicial e em serviço) de professores. Como resultado, mediante as múltiplas apropriações que se foi fazendo dessa teoria, o construtivismo em alfabetização passou a constituir "senso comum pedagógico" no que tange ao ensino da leitura e da escrita, de modo a figurar como "consenso" no discurso e na prática docente de diferentes gerações de alfabetizadores e em políticas educacionais de amplitude nacional, logrando lugar de pensamento hegemônico sobre alfabetização na Educação brasileira (MORTATTI, 2016).…”