Ocupação do espaço e sua relação com a progressão da hanseníase no Nordeste de Minas Gerais - século XIX

Abstract

A hanseníase é prevalente em países subdesenvolvidos, uma vez que as precárias condições de vida da população favorecem seu aparecimento. Tem grande importância para a saúde pública devido a sua magnitude e a seu alto poder incapacitante, atingindo, sobretudo, os indivíduos na faixa etária economicamente ativa. No Nordeste de Minas Gerais, há um padrão de alta endemicidade para essa doença; por isso, há muito tempo a região é alvo de políticas públicas de controle. Entretanto, tais medidas não causaram o impacto desejado para reduzir sua expressão na região, tornando imprescindível compreender melhor o fenômeno em suas várias dimensões, inclusive a histórica. Este artigo tem como objetivo analisar a ocupação do espaço e a progressão da hanseníase no Nordeste de Minas Gerais, no século XIX. Para tanto, optou-se pelo estudo documental de natureza histórica que possibilitou a interpretação dos fenômenos sociais ligados à hanseníase. A análise histórica permitiu concluir que a chegada e a progressão da hanseníase no nordeste mineiro estiveram ligadas aos movimentos econômicos e sociais de descoberta e desenvolvimento da região, ocasionando o ciclo de transmissão da doença.

Distribuição espacial e análise epidemiológica da Hanseníase nos 53 municípios da Rede Interestadual de Saúde do Vale do Médio São Francisco

“…Os altos valores de endemicidade encontrados nos indicadores podem estar relacionados ao processo de ocupação dos territórios de algumas dessas regiões, sendo a relação com a migração aventada em alguns estudos como componente importante na cadeia epidemiológica da hanseníase Monteiro et al, 2015;Pereira et al, 2021;Tavares et al, 2015;Santos, 2013;Souza et al, 2020). Na região do Vale do São Francisco, com ênfase na conurbação Petrolina-Juazeiro, mas também Santa Maria da Boa Vista, Lagoa Grande e Casa Nova, a construção sócio-histórica do espaço urbano está ligada à migração de numerosos grupos populacionais em direção às oportunidades de trabalho na fruticultura irrigada a partir da década de 1960.…”

Hanseníase em metrópole da Amazônia brasileira: cobertura de atenção básica à saúde e sua relação com o perfil clínico e a distribuição espaço-temporal da doença em Belém, estado do Pará, Brasil, de 2006 a 2015

“…A urbanização em Belém avançou de 78% para 99% na década de 1991 a 2000 e estabilizou na década de 2000 a 2010, mantendo-se inalterada (99%) 26 . Esse fenômeno favorece a multiplicidade e a interação de diversos fatores determinantes para a endemicidade da hanseníase na cidade 27,28,29,30,31 . O perfil dos doentes foi similar ao observado em outros locais do Brasil, onde geralmente é formado por homens adultos (20 a 59 anos), em idade produtiva, com baixa escolaridade e residentes de bairros pobres da área urbana com altos índices de pobreza 24,29,32,33,34,35 ; exceto pela cor da pele, onde a maioria (64,93%) era parda.…”

Barreiras à integralidade do cuidado à pessoa com hanseníase: percepção de Enfermeiros

“…Por conta da negligência que permeou o processo histórico da hanseníase (Monteiro, et al, 2013;Tavares, Marques, & Lana, 2015), os esforços atuais estão voltados à promoção de estratégias para a garantia da qualidade da assistência a fim de reduzir a carga de doença, não considerando somente a detecção de casos novos, tratamento adequado e vigilância dos contatos, mas também a prevenção e redução de incapacidades, que impactará, consequentemente, na redução do estigma e discriminação relacionados à doença (World Health Organization, 2016). Desta forma, o conceito de integralidade da assistência se coloca em relevo quando, em sua definição como um princípio do Sistema Único de Saúde (SUS), apresenta-se como orientador de políticas e ações programáticas que respondam às demandas e necessidades da população no que diz respeito ao acesso à rede de cuidados em saúde, considerando-se a complexidade e as especificidades de diferentes abordagens do processo saúde-doença e nas distintas dimensões, biopsiocossocial e cultural do ser cuidado (Brasil, 1990).…”