Este estudo avaliou a ocorrência de 24 fármacos e desreguladores endócrinos em 13 mananciais de abastecimento de água do Brasil. Realizaram-se amostragens mensais da água bruta de mananciais lóticos e lênticos, por um período de até 13 meses, abrangendo os períodos de seca e chuva. Os contaminantes foram extraídos e concentrados por extração em fase sólida (SPE) e analisados por cromatografia de fase gasosa ou líquida acoplada à espectrometria de massas (GC-MS ou LC-MS/MS). O desregulador endócrino bisfenol-A (BPA) foi frequentemente detectado nas amostras de água (79%), seguido pelo antialérgico loratadina (LRT), em concentrações medianas de, respectivamente, 27,7 e 15,6 ng/L. A cafeína (CAF), estimulante, não foi detectada em nenhuma das amostras, indicando não ser um bom marcador de poluição antrópica. A Análise de Componentes Principais (PCA) permitiu correlacionar os compostos e suas concentrações com o tipo de manancial e o período de coleta. Foram observados dois clusters: um constituído por amostras de ambiente lótico, coletadas no período seco, que exibiram altas concentrações de estrona (E1) e estradiol (E2); e o outro, mais heterogêneo, associado a amostras coletadas principalmente em ambiente lêntico durante o período chuvoso. Embora algumas correlações tenham sido identificadas, a maior parte dos dados apresentou uma disposição homogênea, não permitindo a observação de um padrão claro entre a prevalência de contaminantes e o tipo de manancial ou período amostrado.