O terceiro turno de Dilma Rousseff

Abstract

In this paper, we test the hypothesis that the news media coverage of President Dilma Rousseff in the newspapers 'Folha de São Paulo', 'O Globo' and 'O Estado de São Paulo' became increasingly negative after her victory in the 2014 elections. We also compare her coverage with that of senator Aécio Neves, her main opponent in the last election, president of PSDB and leader of the opposition, who has been accused of corruption several times after the election. The test clearly shows that the Brazilian media is highly politicized. We conclude the article by discussing the importance of the media for the future of democracy in Brazil.

Ideologia, política e indústria cultural: um estudo sobre o Projeto Brasil que eu quero, da TV Globo, nas Eleições 2018

“…Em geral, os estudos classificados nessa categoria trataram de como os meios de comunicação e/ou conteúdos midiáticos impactaram a política em um sentido institucional, o que significa dizer seus "atores" ou instâncias "principais": personalidades políticas específicas (como governantes e políticos concorrentes em pleitos eleitorais), entidades políticas mais amplas (como o partido da situação em dado momento) ou momentos que marcam a política (como as eleições federais em determinado ano). Os níveis de amplitude variam: pode-se discutir, por exemplo, o uso de determinado meio midiático, como o Twitter, nas eleições parlamentares do ano de 2014 ; ou a atuação da cobertura da imprensa escrita, com base nos três principais jornais locais, no pleito municipal da capital paulista no ano de 2000 ; ou o modo como foi organizada a cobertura jornalística televisiva sobre um assunto, o Programa Bolsa Família, no contexto das eleições de 2002 ; ou como atuou a cobertura da imprensa escrita a respeito de certa personalidade política, a ex-presidenta Dilma Rousseff, após sua reeleição no ano de 2014 (Feres Júnior & Sassara, 2016a).…”

“…Com essa constatação articulada à orientação à direita predominante na mídia e explicitada por um destacado conjunto de estudos, notabiliza-se o interesse dos pesquisadores principalmente por aquelas figuras que são feitas de alvos da mídia. Quando tratam de figuras como José Serra, Geraldo Alckmin ou Aécio Neves, os dados produzidos sobre elas tendem a reforçar a compreensão da representação negativa por parte da mídia dos outros, como Lula e Dilma Rousseff Feres Júnior & Sassara, 2016a). Neste levantamento foi claramente menos frequente o estudo sobre figuras políticas como Jair Bolsonaro e Marco Feliciano (mencionados como exemplo porque aparecem, embora com menor frequência) 7 .…”

“…Dessa proposição advêm, por exemplo, a defesa de um jornalismo independente contra um jornalismo partidário, um jornalismo de informação contra um jornalismo de opinião, ou, o que é um tanto distinto, a coexistência de uma imprensa que reflita a pluralidade partidária com a imprensa comercial. Uma sorte de exigências é postulada nessa senda: o balanceamento das informações e das coberturas midiáticas; a oferta de opiniões divergentes; uma "igualdade comunicativa" que se traduz no equilíbrio de volume, tempo e atenção às diferentes forças políticas; a existência de fontes alternativas de informação; o aumento da diversidade do conteúdo político e a preservação da qualidade da informação Feres Júnior & Sassara, 2016a) 12 . Cada uma dessas exigências pode ser significativa e pôr termo aos excessos de um sistema cuja inclinação a favorecer abertamente determinadas forças políticas em detrimento de outras é conhecida, mas nenhuma delas, nem todas em conjunto, põe em questão a racionalidade do sistema em si mesma, todas se curvam diante dos contornos riscados por ele.…”

“…O cão até ladra, mas não é de guarda, é de caça e, portanto, afável com o senhor que o alimenta e adestra. No Brasil, sua indulgência com as forças políticas de centro e direita e sua contrariedade com a esquerda é patente (Feres Júnior & Sassara, 2016a). Quando esta cede e fomenta os esquemas da dominação, incrementa os meios que sempre estão prontos para serem usados contra si, quando, politicamente, representar reais avanços em relação à justiça social.…”