O risco oculto no segmento de estética e beleza: uma avaliação do conhecimento dos profissionais e das práticas de biossegurança nos salões de beleza

Abstract

O risco da transmissão microbiana pontencializa-se quando manicures e pedicures desconhecem e não utilizam medidas de biossegurança. Esta pesquisa teve como objetivo avaliar o conhecimento e a adesão às recomendações de biossegurança por manicures/pedicures que trabalham em salões de beleza. Tratou-se de uma pesquisa transversal, do tipo survey, em salões de beleza e em uma escola técnica de podologia em Minas Gerais, considerando adesão e conhecimento adequados quando houve acerto mínimo nas questões de 75%. Foram entrevistadas 84 mulheres manicures/pedicures. Houve baixa adesão aos equipamentos de proteção individual (45%) e aos métodos de reprocessamento de artigos, com deficiência na limpeza destes. Uma parcela significativa não utilizava avental/uniforme nem sapatos fechados no trabalho. O fator dificultador principal para não adesão às medidas foi a falta de informação. Os resultados deste estudo reforçam a necessidade de maior assistência dos órgãos públicos aos profissionais deste segmento acerca das medidas de biossegurança.

Manicures/pedicures: conhecimento e práticas de biossegurança para hepatites virais

“…Semelhante à pesquisa realizada entre 2010 e 2011, na cidade de Arcos-MG, a maioria das entrevistadas do presente estudo tinha idade superior a 30 anos (1) . Com relação ao tempo de exercício profissional, pode-se dizer que os resultados obtidos foram o oposto a um trabalho sobre os riscos ocupacionais dos profissionais da beleza no município de Goiânia.…”

“…Encontrou-se baixa utilização de luvas como medida de proteção na amostra selecionada na pesquisa. Esses achados convergem com o estudo realizado em Arcos-MG sobre o uso de luvas, o qual aponta o uso quando há o conhecimento de que o cliente é portador de alguma doença (1) . Os mesmos autores, em 2012, mostraram que a adesão ao uso de luvas pelas manicures/pedicures variou entre 5% e 20%, mesmo com a maioria tendo consciência da necessidade de tal EPI para a própria proteção (4) .…”

“…Ela informa que se deve utilizar luvas de uso único, as quais devem ser descartadas após o uso, não sendo dispensada a lavagem de mãos (15) . O resultado obtido para lavagem de mãos diverge de pesquisa realizada com manicures, no qual 83,3% relataram proceder tal prática no atendimento entre clientes (1) . Outro estudo obteve que 74% das entrevistadas realizam higienização das mãos antes e após cada atendimento, porém, durante o período em que a entrevistadora permaneceu no local, tal medida não foi adotada (3) .…”

“…Essas profissionais tendem a manusear tecidos nas mãos e nos pés, através da retirada de cutícula. Tal prática proporciona aumento de risco à exposição aos agentes biológicos presentes no sangue, como vírus das hepatites B e C, além do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) (1) . A hepatite é uma inflamação no fígado que pode ser causada pelo uso de drogas e álcool ou infecções por bactérias e vírus.…”

“…A saúde pública determina que as manicures/pedicures representam um novo grupo com fatores de risco, já que podem entrar em contato com material contaminado por sangue (3) . Esse risco aumenta quando se associa que essas profissionais desconhecem e não aderem às medidas de biossegurança, que incluem: uso de Equipamentos de Proteção Individuais (EPIs), adequadas técnicas de reprocessamento dos instrumentos, descarte de materiais de uso único e higienização das mãos (1) . Elas não acreditam que podem ser agentes na transmissão dos micro-organismos e que o volume de sangue ao qual se expõem não é importante para a disseminação da doença, mesmo tendo consciência da transmissão de doenças por essa via (5) .…”