ResumoEste texto aborda aspectos das concepções de ética presentes nas principais Teorias da Comunicação, identificando, em algumas de suas proposições epistemológicas, elementos de um ethos. Sublinha-se como essas teorias, além de abordarem processos comunicativos mediados, propõem procedimentos e ações práticas. Em perspectiva histórico-crítica, mapeia-se como noções de poder, capacidades comunicativas e delineamentos do sujeito político, entre outras, são entrelaçadas às enunciações teóricas da área. A análise desenvolve-se ao redor de três perspectivas: (a) assimétrica, com o poder colocado ao lado dos meios de comunicação; (b) simétrica, equivalendo, em espaços diferentes, produtores e receptores; (c) paritária, com intersecção entre ambos em uma cultura da participação. O texto analisa essas três perspectivas nas rupturas e continuidades entre o ético e o epistemológico.
Palavras-chaveTeorias da Comunicação; epistemologia; ética
IntroduçãoUma reflexão que se proponha a abordar aspectos das concepções de ética presentes nas principais Teorias da Comunicação deve considerar, em um primeiro momento, uma ausência de articulações explícitas entre questões teórico-epistemológicas da Comunicação e as problemáticas normativas e deontológicas que configuram valores, comportamentos e práticas discursivas as mais diversas. As Teorias da Comunicação, sua substância conceitual e paradigmática, além das discussões travadas na área e as demandas delas derivadas, aparentam não terem muito pontos de interseção com princípios éticos, ainda que os explorem seja em sua dimensão especificamente voltada para a prática dos profissionais de comunicação (cf. Meyer, 1986;Martino & Silva, 2013), seja trabalhada do ponto de vista de uma ética comunicativa (Marques, 2011).Se compararmos, nos cursos universitários de Comunicação, os programas das disciplinas de "Teorias da Comunicação" -voltados para o estudo das chamadas "escolas teóricas" dentro de uma notável dispersão epistemólogica (Martino, 2011(Martino, , 2012) -e "Ética" ou "Ética e Legislação", no qual se trabalham temas voltados para as questões de caráter profissional (Christofolletti, 2011), é possível que não encontremos muitos pontos de interseção. Espalhadas em momentos diferentes nas matrizes curriculares das habilitações, parecem não manter muitas relações entre si, como se o conhecimento das "teorias", em um momento -geralmente nos períodos iniciais dos cursos -não