Resumo: o presente artigo tem como objetivo esboçar uma análise sobre a arte moderna produzida em Salvador, na primeira e segunda fase de seu modernismo, ou seja, entre 1950 e 1970, e a presença (apropriação) massiva de manifestações culturais da população negra em suas narrativas e discursos. O artista Carybé é tomado aqui como um dos agentes construtores da "baianidade", juntamente com a literatura, música e outras linguagens discursivas, as quais deram corpo a este conceito. A partir dos estudos empreendidos no corpo deste trabalho, podemos concluir que este discurso revela muito sobre o caráter contraditório da elite baiana do período estudado. Uma sociedade que passou a "se vender" discursivamente como pacífica, harmônica, sincrética, devedora das manifestações culturais de matrizes afro-brasileiras, mas, no entanto, excluiu e continua a excluir uma população que permanece invisibilizada aos olhares dos meios de comunicação e das políticas públicas, apesar da "presença" nas produções artísticas.
Palavras