Formação omecei a me interessar pela História no Ensino Médio, no Colégio Catarinense, dos jesuítas, de Florianópolis, sob a influência do padre João Baptista Rohr, um dos pioneiros do estudo das comunidades pré-colombianas e dos sambaquís no Brasil. Depois, em Brasília, fui aluno na UnB, por curto período, de Fritz Teixeira Salles, historiador de Minas Gerais, de quem guardo grata memória. Ingressei na UnB no início de março de 1964, vésperas do golpe. Graças à ajuda de Hermes Lima, entre outros, que era ministro do STF, depois de ter sido primeiro-ministro do governo Goulart, e tinha grande prestígio na embaixada francesa, ganhei uma bolsa de estudos do governo francês para fazer graduação em Ciências Políticas. Cheguei em Paris em 1966, e fui acolhido por Raul Ryff, secretário de imprensa do governo Goulart. Como outros militantes e políticos de sua geração, Ryff estava atravessando seu segundo exílio, pois já tinha se refugiado no Uruguai nos anos 1930. Só chegavam notícias ruins do Brasil. Antes de eu viajar, Hermes Lima havia me dado um conselho: "Você deve se preparar para permanecer muito tempo fora porque a ditadura veio para ficar…". Isso me levou a pensar que para entender o que estava acontecendo no Brasil era preciso estudar História, além de Ciências Políticas. Minha bolsa me proporcionava estudar nas universidades onde havia cursos de Ciências Políticas. Preferi ir para Aix-en-Provence porque soube que lá se encontrava o melhor Departamento de História da França (com Georges Duby, Michel Vovelle, Maurice Agulhon, Paul Veyne…) e que lá a vida era mais fácil e agradável do que em Paris.