O Pai no Contexto da Depressão Pós-parto Materna – e seis anos depois, que lugar ocupa esse pai?

Abstract

A partir das proposições de Winnicott, o presente estudo teve como objetivo compreender o lugar do pai em dois diferentes momentos do desenvolvimento infantil: no primeiro ano de vida do bebê, no contexto de depressão pós-parto materna, e, posteriormente, no sexto ano de vida da criança. Participaram deste estudo duas famílias que, no momento inicial, realizaram uma psicoterapia breve pais-bebê e, no segundo momento, participaram de um processo de follow up. Os resultados obtidos indicaram que, no primeiro ano de vida dos bebês, os pais constituíram um bom relacionamento com seus bebês e puderam compreender a necessidade de intensa dedicação da mãe ao bebê, porém não forneceram todo o suporte necessário às esposas naquele momento e contexto. As sutis dificuldades observadas no primeiro ano de vida dos bebês, relativas ao papel que se esperaria desses pais, mostraram-se ainda evidentes no sexto ano de vida das crianças.

Impactos Da Depressão Pós-Parto No Crescimento E Desenvolvimento Da Criança

“…Um dos fatores importantes para a puérpera com DPP é o apoio social pela família, visto que a atenção seja inteiramente voltada para atender as suas necessidades, salientando que os pais exercem importante papel, mesmo que sejam iniciantes, é relevante estabelecer um quadro familiar sólido. É relevante evidenciar a ocorrência de um auxílio familiar efetivo, que pode estabelecer sensações de carinho e bem-estar, estimulando o processo mútuo de cuidado entre os familiares, beneficiando uma relação que produz benefícios para quem está recebendo e oferecendo auxílio (Marques, 2015;Rosa Silva, 2020).…”

Envolvimento Paterno, Práticas Parentais e Jornada de Trabalho de Pais de Crianças Pré-Escolares

“…A Teoria do Apego destaca que os laços de proteção e segurança que a criança estabelece com os cuidadores primários são fundamentais para a existência humana, destacando que a mãe, ou quem exerce esse papel, é responsável por garantir o conforto, a proximidade física e o estabelecimento de uma relação de apego com os filhos (Bowlby, 2002). Ainda que a mãe seja a figura central nos primeiros anos de vida do bebê, para que ela consiga investir na criança, é fundamental que ela conte com uma rede de apoio composta por pessoas significativas que possam atuar como cuidadores da relação mãe-bebê, função que pode ser exercida pelo pai, ou quem assume esse papel para a criança, especialmente quando a mãe vivencia dificuldades adicionais ao exercício da maternidade típica, por exemplo, em casos de depressão pós-parto (Silva et al, 2020).…”

Desafios das Trabalhadoras Mães de Crianças pequenas durante a Pandemia Covid-19

“…Jacomini et al ( 2019) revelam que a maternidade tardia confere, por um lado, segurança à mulher acerca de suas possibilidades financeiras e emocionais, mas por outro, receios em termos de limitações biológicas e falta de energia para cuidar de um bebê. Silva et al (2020) destacam a importância do papel paterno em relação ao suporte à relação mãe-bebê, especialmente quando não há respaldo das famílias de origem. Para Mendonça e Matos (2015) a conciliação trabalhofamília é dificultada nesta fase de vida dos filhos, pois geram grande desgaste físico e psicológico, além da necessidade de elaboração de estratégias de relacionamento interpessoal e intimidade do casal.…”

“…Antagonicamente, Gláucia e Deborah não tiveram uma rede de apoio como tal presente, por morarem em cidade diferente da mãe ou pela mesma já ter falecido. Já Margaret mudou sua modalidade de trabalho para passar mais tempo em casa, procurando contar com o marido para o revezamento dos cuidados e por não querer depender de sua mãe, situação análoga aos casos descritos por Silva et al (2020). Assim, todas as entrevistadas relataram maiores dificuldades práticas com os cuidados com as crianças e consigo próprias, bem como sentimentos de solidão e desamparo.…”