O Multiculturalismo Crítico E Suas Contribuições Para O Currículo Da Educação Física

Abstract

Resumo: o artigo explicita as principais correntes do multiculturalismo (conservador, liberal, plural, essencialista de esquerda e crítico), busca articulá-las às políticas culturais mais amplas e sinaliza seus reflexos na prática pedagógica. Adotando um posicionamento a favor da perspectiva multicultural crítica, identifica suas eventuais contribuições para o currículo da Educação Física. Palavras-chave: Multiculturalismo, Educação Física escolar, Cultura, Currículo. Resumen: el artículo explica las principales corrientes del multiculturalismo (conservador, liberal, plural, esencialista de izquierda y crítico), establece su relación con las políticas culturales más amplias y señala sus efectos sobre la práctica docente. Adopta una posición a favor de la perspectiva multicultural crítica y identifica sus posibles contribuciones al currículo de la Educación Física.

JOGOS NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: uma construção coletiva para caminhos insurgentes

“…O que se seguiu foi a confirmação de um contexto conhecido por muitos: meninos não passavam a bola para as meninas e para os inábeis; os mesmos estudantes querendo resgatar a bandeira seguidamente e monopolizando os arremessos no queimado; desinteresse pelos jogos; estudantes RELATOS DE EXPERIÊNCIA sem afinidade com as demandas motoras e técnicas sendo deslocados para funções ditas coadjuvantes; proferimento de palavras inapropriadas aos menos conectados com o jogo; disputas por domínio territorial através das habilidades, da força e da aptidão física. Em síntese, contexto intimamente associado à herança da perspectiva esportivizada e objeto de reflexão e de crítica por diversos pesquisadores e pesquisadoras da área de EF (CARVALHO, 2017;DAÓLIO, 2014;FONSECA;RAMOS, 2017;NEIRA;NUNES, 2009). Problematizamos essas e outras situações que emergiram da prática dos jogos e a seguinte questão foi levantada: o que fazer para alterar esse cenário?…”

“…O reconhecimento da diversidade cultural deve ser compreendido como vantagem pedagógica onde o diálogo entre os pares precisa ser fortalecido, respeitado e incentivado a fim de proporcionar a ampliação de ações integradas na elaboração de um projeto educativo comum. Por isso, é imperativo que intervenções pedagógicas convidem os estudantes a ampliarem seus olhares para além de suas próprias experiências (NEIRA, 2016). Retomando Candau (2012, p.103), ratificamos esse entendimento ao destacar que a dimensão cultural: é intrínseca aos processos pedagógicos, "está no chão da escola" e potencia processos de aprendizagem mais significativos e produtivos, na medida em que reconhece e valoriza cada um dos sujeitos neles implicados, combate todas as formas de silenciamento, invisibilização e/ou inferiorização de determinados sujeitos socioculturais, favorecendo a construção de identidades culturais abertas e de sujeitos de direito, assim como a valorização do outro, do diferente, e o diálogo intercultural.…”

A percepção de professores de Educação Física sobre uma escrita curricular culturalmente orientada

“…Hibridismo: combinação de grupos e identidades que resultam em outras, no entanto, renovados(Silva, 2015).2 Os Estudos Culturais se propõem a avaliar as práticas culturais e as relações de poder(Nelson, Treichler & Grossberg, 2013), além disso, objetivam equidade educacional ao relacionar a cultura contemporânea com a sociedade, ampliando as discussões sobre identidade, diferença e processos de subjetivação, rompendo hierarquização e dicotomização (global/local e científico/senso comum), buscando se distanciar do modelo neoliberal de formação cidadã, que incentiva o consumo, e se aproximar de posturas reivindicatórias; criticando a especialização, o etnocentrismo e naturalização do currículo fundamentado pelo discurso tecnicista e da cultura universal(Neira, 2016a;Neira, 2018a).…”

“…Denomina-se multiculturalismo liberal ou folclórico a redução das estratégias de trabalho a aspectos exóticos, folclóricos e pontuais, como quando oferece-se uma abordagem superficial e turística às festas juninas, à dança de quadrilha e ao dia do Índio, por exemplo. Utiliza-se uma abordagem ética e democrática, porém, são incapazes de reconhecer que o poder se distribui de forma desigual na sociedade, o que consequentemente acaba favorecendo a manutenção do status quo(Canen, 2012;Neira & Nunes, 2009;Neira, 2016a).5 O termo "artistar" foi tratado porCorazza (2006) com uma ideia que foge da normatização. Esse termo está relacionado à entrega ao caos para criações em desenvolvimento, inacabada, incompreensível, contingente, múltipla e finita de marcas livres, irracionais, involuntárias, acidentais.…”

Tematização e problematização: pressupostos freirianos no currículo cultural da educação física

“…As aulas baseadas no currículo cultural da educação física, segundo as obras que fundamentam a proposta (Neira, 2007(Neira, , 2011(Neira, , 2016(Neira, , 2018Neira & Nunes, 2006, 2009a, 2009b, deixam de ser entendidas como espaço exclusivo para crianças e jovens se movimentarem, para tematizar brincadeiras, danças, lutas, esportes e ginásticas, de forma a problematizar suas ocorrências na sociedade mais ampla, assim como os discursos proferidos sobre elas e seus praticantes.…”