Este artigo integra a pesquisa "Representação Política, Perspectivas Sociais e Representação Simbólica", apoiada pelo CNPq com uma bolsa de Produtividade em Pesquisa. Uma versão anterior foi apresentada no 8º Encontro da Associação Brasileira de Ciência Política, realizado em Gramado (RS), em agosto de 2012. Agradeço as contribuições dos participantes do encontro, em particular Flávia Biroli, bem como as críticas e sugestões de Regina Dalcastagnè. Evidentemente, continuo como único responsável pelas falhas e omissões.Um dos aspectos mais marcantes -e mais surpreendentes -da teoria política das últimas décadas foi a decadência do conflito. Percepções da política e da democracia que enfatizam o valor, a necessidade e a possibilidade do consenso ganharam proeminência a partir dos anos 1980, deslocando em primeiro lugar as narrativas centradas na ideia de dominação, mas também acabando por atingir o pluralismo liberal que até então ocupava uma posição hegemônica. E o fenômeno não se verifica, como se poderia esperar, em teorias de integração social, na esteira, por exemplo, do funcionalismo sistêmico ou do behaviorismo. Está presente nas visões que se apresentam como emancipatórias e como herdeiras do pensamento crítico.