O livro "Direitos das mulheres e injustiça dos homens" de Nísia Floresta: literatura, mulheres e o Brasil do século XIX

Abstract

O livro Direitos das mulheres e injustiça dos homens foi publicado por Dionísia Gonçalves Pinto (1810-1885), mais conhecida como Nísia Floresta, em 1832. Tal obra foi considerada uma tradução livre de A Vindication of the rights of woman de Mary Wollstonecraft (1759-1797), autora inglesa que se tornou o principal nome em defesa dos direitos das mulheres no século XIX. No entanto, tratava-se da tradução de Woman not inferior to man de Mary Wortley Montagu (1689-1762). O artigo apresentado contextualiza o livro de Wollstonecraft no período, enfoca a trajetória da autora brasileira e a influência do Positivismo na sua obra, principalmente no que tange ao papel social das mulheres.

A Falsa Incorporação De Direitos Fundamentaispelo Crime Organizado

“…No interregno entre a revolução e o seu firmamento positivando as dimensões de liberdade, igualdade e fraternidade. Fundou, também, a primeira escola que equalizou os conteúdos femininos e masculinos, a Escola Augusto, situada em Porto Alegre, pois à época, o conteúdo para as meninas estava circunscritas a prendas domésticas (CAMPOI, 2011)…”

Direito das mulheres e injustiça dos homens: a tradução utópico-feminista de Nísia Floresta

“…O referido livro foi o primeiro, publicado no Brasil, em Pernambuco, em 1832, a tratar do direito das mulheres à educação e ao trabalho e é hoje considerado o marco inicial do movimento feminista do Brasil (DUARTE, 2003). Há registros de mais três edições publicadas posteriormente: em 1833, em Porto Alegre; no Rio de Janeiro, em 1839 e, cinquenta anos depois, em 1989, em São Paulo (CAMPOI, 2011).…”

“…Essa informação será melhor apresentada no capítulo 3. Além disso, por pura coincidência, o ano de publicação de Direito das Mulheres e Injustiça dos Homens foi o mesmo da publicação alemã de Vindication of the rights of woman (CAMPOI, 2011). Acreditava-se que Nísia Floresta teria se inspirado nas manifestações políticas e sociais de Mary Wollstonecraft para fazer suas próprias manifestações.…”

“…Infelizmente, a ousadia de reivindicar a participação das mulheres em um sistema que ainda estava se desenvolvendo resultou em um trágico fim: após escrever um panfleto contra algumas das proposições da Revolução Francesa, Olympe de Gauges foi presa (CAMPOI, 2011 De acordo com Duarte (2003), no movimento feminista brasileiro podem ser identificados quatro momentos: 1830, 1870, 1920 e 1970. De acordo com a pesquisadora, foram necessários aproximadamente cinquenta anos entre uma e outra, para que surgissem picos ou ondas ou "pequenas movimentações de mulheres" (p.2) que permitissem que" as forças se somassem e mais uma vez fossem capazes de romper as barreiras da intolerância, e abrir novos espaços" (p.2).…”

“…Supõe-se que dessa forma ela teria acesso facilitado aos intelectuais da época. Ela também mantinha contato compensadores positivistas -Auguste Comte, por exemplo (CAMPOI, 2011). Talvez essa fosse a intenção dela: forma poderia compartilhar seus ideais com pessoas que teriam o entendimento e o poder de realmente fazer as mudanças necessárias.…”