ResumoA relação entre mulheres e trabalho doméstico, ainda que afirmada pelos feminismos e pelos estudos de gênero como culturalmente construída, tem seu principal aporte na ideia de naturalização dessas funções. Nesta pesquisa me propus a escrever uma história da discussão em torno da naturalização do trabalho doméstico nos feminismos de Segunda Onda do Cone Sul, utilizando como fonte as produções impressas desses feminismos, com ênfase em periódicos, mas não somente. É importante destacar que o meu recorte temporal é dado pelas fontes utilizadas e que, através delas, busco estabelecer uma discussão a respeito da problematização do trabalho doméstico nos feminismos de Segunda Onda no Cone Sul, partindo de uma perspectiva historiográfica, inserida nos estudos feministas e de gênero, com o apoio de bibliografia tanto contemporânea aos documentos utilizados quanto atual. A nível coletivo (sic), a decisão da mulher de não ser dona-de-casa (sic) seria tão revolucionária que destruiria a organização social que agora conhecemos. Para reforçar a situação, para manter as coisas tal como estão e afastar a ameaça de uma revolta, criou-se a doutrina da posição natural da mulher na família como dona-de-casa. (...) A ocupação da dona-de-casa não é natural, mas histórica. No atual estágio da técnica só a maternidade é função naturalmente feminina, mas entre a gestação e o parto e as duzentas mil horas de trabalho doméstico que executa uma dona-de-casa ao longo de sua vida, não há nenhuma correspondência necessária, mas apenas circunstancial. (DURAN, 1983, p. 15. Grifos da autora.) O fato de o trabalho doméstico ser uma função designada em diferentes sociedades como exclusivamente ou primordialmente feminina não é novidade para ninguém. Não são Palavras
Resumo: Observando números da Revista Claudia publicados no Brasil entre 1970 e 1990, esse artigo busca compreender, de um ponto de vista historiográfico, a proliferação de discursos antifeministas na publicação a partir da segunda metade da década de 1980. O antifeminismo como ideia corrente nunca abandonou totalmente a revista. Contudo, discursos de rejeição de um suposto passado radical do movimento foram difundidos na publicação no período, inclusive por mulheres diretamente associadas à história dos feminismos dessa geração, o que instigou o desenvolvimento desta análise. É, portanto, a partir dessa observação, com base em bibliografia de referência sobre a temática e em parte da produção impressa dos feminismos do período, que o artigo se constrói.
Meu objeto de estudo são os feminismos do que foi classificado como Segunda Onda Feminista, mais especificamente os do Cone Sul. E foi através desses feminismos que a questão do trabalho doméstico como um problema me chamou a atenção. A relação entre mulheres e trabalho doméstico, ainda que afirmada pelos feminismos e pelos estudos de gênero como culturalmente construáda, tem seu principal aporte na idéia de naturalização dessas funções. Este artigo pretende trazer as discussões desses feminismos na busca pela desconstrução dessas naturalizações, no intento de argumentar que trabalho doméstico também é trabalho, necessário e indispensável á vida humana. Para tal análise se utilizam periódicos produzidos por grupos feministas, além de bibliografia de referência sobre a questão, produção impressa a qual me fornece o recorte temporal do artigo.
Resumen:Este artículo utiliza como fuente memorias de mujeres que fueron militantes feministas durante la dictadura militar en Brasil y que también participaron de la apertura política en el país, a partir de mediados de los años 1980. A través de ellas, se investiga, desde el punto de vista de esas mujeres, comprometidas políticamente con los feminismos y muchas veces con las izquierdas, las interlocuciones entre las problematizaciones feministas acerca del trabajo doméstico y la perspectiva de sociedad democrática que se abre durante el período. Bajo el slogan "democracia en el país y en la casa", los debates feministas articularon lo público y lo privado al denunciar la carga de trabajo doméstico, que era ejecutada casi exclusivamente por las mujeres y sus consecuencias para el pleno acceso de éstas a la ciudadanía. Se trabaja desde la perspectiva de la historia de las mujeres y de las relaciones de género, así como de los debates historiográficos sobre memoria e historia oral; utilizando amplia bibliografía de referencia sobre los feminismos del período, la dictadura y la apertura democrática. De este modo, se pretende pensar la historia del debate acerca del trabajo doméstico, encabezado por feministas de esa generación, como un punto crucial para las mujeres en nuevas perspectivas democráticas que se construyeron en el ámbito político brasileño, en la segunda mitad de los años 1980. Palabras clave: Trabajo Doméstico, Historia de los Feminismos, Democracia, Memoria, Brasil. Abstract:is article utilizes as sources memories of women who were feminist militants during the military dictatorship in Brazil and who also participated in the political opening in the country from the mid-1980s. In these memories are investigated, from the point of view of these women, who were politically engaged in feminisms and oen in the le, the interlocutions between feminist problematizations about domestic work and the perspectives of a democratic society that begins to be unveiled in those years. Under the slogan "democracy in the country and at home", feminist debates articulated public and private by denouncing the domestic workload that was carried out almost exclusively by women and its consequences for full access to citizenship. is work uses interviews conducted under a broad project coordinated by Professor Cristina ScheibeWollf at the Federal University of Santa Catarina in Florianópolis, Brazil, funded by CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior), entitled "Mulheres de luta: feminismo e esquerdas no Brasil (1964Brasil ( -1985", of which this author is a member. e article is based on the perspective of women´s history and gender relations, as well as the historiographic debates on memory and oral history, crossing a wide bibliography of reference on the feminisms of the period, dictatorship and democratic opening. In this way, the intention is to think about the history of the debate on domestic work headed by feminists of this generation as a focal point for women in the new democratic pe...
Resumo: A pandemia nos insere, a partir de 2020, em uma crise sanitária sem precedentes, com efeitos severos sobre a economia e o mercado de trabalho. Seu enfrentamento, tanto no plano individual quanto no coletivo, significou cuidar das pessoas. Como já observado de forma exaustiva por teóricas feministas, as tarefas de cuidado são tradicionalmente atribuídas às mulheres. Estas estão, portanto, no centro das respostas da crise sanitária, apesar de não serem as responsáveis pelas grandes decisões a respeito dessa crise no Brasil. A crise sanitária potencializou, também, as desigualdades do mercado de trabalho e o peso dos trabalhos com a reprodução da vida. Esta amarga realidade será o fio condutor das nossas reflexões sobre o trabalho que norteia nosso viver na sociedade.
Resumo Com o exílio resultante da perseguição política durante a ditadura militar do Brasil, alguns aspectos ligados ao cotidiano emergiram aos sujeitos exilados. Questões até então ignoradas passaram a se tornar pontos de discussão, conflitos e transformações. Este artigo objetiva analisar as narrativas de mulheres brasileiras acerca do trabalho doméstico no exílio. A partir dos estudos teóricos que articulam gênero e memória, buscamos perceber as relações hierárquicas – constituídas ou rompidas – no que diz respeito ao trabalho doméstico durante o exílio de brasileiras e brasileiros na França, nos anos 1970. Este processo de (auto)exclusão, vivido de maneira heterogênea, é foco de inúmeras memórias que emergiram durante ou após o período. São fontes para este artigo memórias publicadas no livro Memórias das Mulheres do Exílio (1980) e entrevistas realizadas a partir da metodologia da história oral.
Trabalho fora do trabalho: uma etnografia das percepções.
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