O instituto de coimbra e a análise química de águas minerais em portugal na segunda metade do Século XIX

Singularidades Químico-Farmacêuticas da Ficção Queirosiana

“…Este interesse terapêutico pelas águas surgiu de forma natural, no seguimento do grande nível de desenvolvimento que a Química Analítica entretanto tinha atingido. A este respeito, como referem Leonardo et al, "a partir de meados do século XIX começaram a ser definidos os principais parâmetros físicos, químicos e biológicos para avaliar a potabilidade da água e prever os seus efeitos fisiológicos, que interessam para a sua adopção como agente terapêutico " [7]. A vida de Eça foi marcada por várias crises gastrointestinais.…”

“…Ao longo da segunda metade do séc. XIX foram vários os químicos e médicos que efectuaram análises de águas minerais nacionais[7]. Neste contexto destacam-se os contributos de dois notáveis químicos portugueses: Agostinho Vicente Lourenço (1826-1893) que, entre outros estudos, se dedicou à análise de águas minerais de numerosas termas e que publicou, em francês, um livro sobre águas termais portuguesas…”

Do termalismo português ao turismo de saúde e bem-estar das estâncias hidrominerais paulistas

“…Vandelli e seus discípulos conduziram análises nas águas do Estoril e dasCaldas da Rainha no período de 1775 a 1781(VANDELLI, 1778; PESSOA, 1778; GAGO, 1779 apud LEONARDO et al, 2011.No entanto, os processos utilizados nessa época eram incipientes em relação à química, uma vez que as ideias desenvolvidas por Lavoisier só se tornaram conhecidas em Portugal após a publicação dos Elementos de Química, escritos pelo brasileiro Vicente Coelho de Seabra Telles, entre 1788 e 1790. No ano de 1791, Francisco Tavares, docente de Medicina da Universidade de Coimbra, publicou nas Memórias da Academia das Ciências de Lisboa, as advertências sobre os abusos, e legítimo uso das águas minerais das Caldas da Rainha, para servir de Regulamento aos enfermos que delas tem precisão real(LEONARDO et al, 2011).As teorias do médico holandês Boerhaave contrastavam com a medicina humoral de Hipócrates e Galeno, após a reforma da Universidade de Coimbra em 1772. Com efeito, ao se considerar que a saúde depende do "movimento regular dos fluidos", as propriedades medicinais dos remédios deixaram de ser vistas como "virtudes ocultas" e passando a ser compreendidas como consequências de suas características físico-químicas(FERRAZ, 1996).Na metade do século XIX, o estudo das águas minerais teve um avanço significativo devido ao reconhecimento de que Portugal era possivelmente o país europeu com a maior quantidade proporcional de águas minerais em seu território(CARVALHO et al, 1867 apud LEONARDO et al, 2011.O valor das águas minerais levou o Parlamento a decidir fazer um inventário preciso delas em 1822.…”