O Fenômeno Reacional Na Hanseníase E Aspectos Da Assistência De Enfermagem

Abstract

Devido à evolução crônica da hanseníase, fenômenos agudos, chamados de episódios reacionais, podem aparecer antes do diagnóstico, no tratamento ou após a cura e predispor a deformidades. Além da terapêutica medicamentosa, a atenção ao portador de hanseníase exige cuidados especiais. Atualmente existe uma preocupação crescente dos enfermeiros em sistematizar e documentar sua prática profissional, nas diferentes áreas de atuação, planejando a assistência de acordo com as necessidades especiais de cada usuário. Tem-se aqui como objetivo descrever alguns fatos no Brasil acerca do papel do enfermeiro no cuidado aos pacientes com hanseníase e seu relevante e necessário envolvimento com as ações de controle da doença. O enfermeiro atua especialmente na avaliação de prevenção de incapacidades, na prevenção de infecções oportunistas, no envio de materiais para exames laboratoriais, na formação de grupos de orientações e assistência aos pacientes e no planejamento das ações de exigência do programa de controle da hanseníase. Descritores: Hanseníase; Eritema nodoso; Hipersensibilidade; Enfermagem.

A visão do profissional enfermeiro sobre o tratamento da hanseníase na atenção básica

“…No entanto, as reações hansênicas podem surgir durante o tratamento e levar o paciente ao abandono do dele se não forem bem orientados. Pesquisa (27) sobre aspectos da assistência de enfermagem às reações hansênicas evidenciou a importância do profissional enfermeiro no cuidado aos pacientes com hanseníase em crise reacional, identificação da neurite silenciosa pela palpação dos nervos periféricos e observação da coloração e aspecto das manchas que podem vir a se manifestar na pele dos indivíduos. Os autores destacam que, além da consulta de enfermagem, o enfermeiro realiza exames, avaliações e encaminhamentos na procura precoce dos achados dermatoneurológicos, tendo um amplo escopo de ações (27) .…”

Incidência dos casos de hanseníase no amazonas entre 2011 e 2021 perfil clínico e sociodemográfico

“…Já a reação do tipo II, representa aqueles casos onde são observados o surgimento de nódulos, placas dolorosas, descamação central, lesões com hemorragias, febre de alta intensidade, redução do poder de força muscular, dor intensa e mal estar geral. Por fim, estes indivíduos podem ainda demonstrar concomitantemente, sinais e sintomas relacionados com as duas classificações reacionais(Paschoal & Soler, 2015) Silva (2020). e colaboradores relatam em uma análise do perfil clínico dos indivíduos com hanseníase em uma região do Nordeste brasileiro, que entre 265 casos notificados, 89% foram classificados como multibacilares e 66,4% demonstraram possuir a forma clínica.…”

Avaliação para o manejo da úlcera neuropática associada à hanseníase: produção e validação de vídeo educativo

“…As pesquisas têm se apoiado em casos clínicos vivenciados nos serviços de saúde, fundamentados no conhecimento para a criação dos materiais educativos (COGO, PERRY, SANTOS, 2015;FERREIRA et al, 2015;TEIXEIRA et al, 2015;LIMA et al, 2017;SILVA et al, 2017). Estudos têm mostrado a importância da assistência de enfermagem sistematizada à pessoa com hanseníase, planejada e organizada de acordo com os problemas e necessidades de cada pessoa, de modo a assegurar uma assistência integral, contínua, segura e com qualidade (CARVALHO et al, 2015;LIMA et al, 2015;PASCHOAL, SOLER, 2015;SILVA et al, 2016). Outra preocupação deste estudo foi a produção de um material educativo validado, a fim de assegurar a aplicabilidade prática deste, na capacitação de enfermeiros.…”

“…Para Costa et al (2016), a simulação no contexto do ensino e aprendizagem em Enfermagem integra as complexidades da aprendizagem prática e teórica com a oportunidade de repetição, feedback, avaliação e reflexão, fator importante no desenvolvimento do processo de tomada de decisão pelo enfermeiro.Para tanto, deve-se atentar para o planejamento do cenário a fim de oferecer a estrutura necessária para o alcance dos objetivos de aprendizagem, além de assegurar aos atores a percepção mais próxima possível dos sentimentos e emoções que podem ser vivenciados no ambiente clínico(MAZZO et al, 2017;SEBOLD et al, 2017;PAZIN FILHO, SCARPELINI, 2017).Neste estudo, foi abordada a consulta de enfermagem à pessoa com úlcera neuropática associada à hanseníase, que constitui atividade privativa do enfermeiro, conforme a lei de exercício profissional do enfermeiro nº 7498/86 doCOFEN.A importância da consulta de enfermagem à pessoa com hanseníase tem sido destacada há décadas, desde a introdução do tratamento da hanseníase na rede pública de saúde, e não mais em hospitais especializados, sendo, inclusive, abordada como área prioritária pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), em 1989. Na época, os enfermeiros foram capacitados para a realização da consulta de enfermagem, com foco na entrevista e no exame físico, além da prevenção de incapacidades físicas e do cuidado para o acompanhamento do tratamento medicamentoso(PASCHOAL, SOLER, 2015).Na assistência à pessoa com hanseníase, o enfermeiro é responsável pelo monitoramento clínico e terapêutico, o que inclui a avaliação periódica das funções neurais, com avaliação dos nervos periféricos, bem como da força motora e sensibilidade, além de orientações para a prevenção de incapacidades(BRASIL, 2016; BRASIL, 2017).Neste estudo, a organização do atendimento foi realizada com base nos princípios da SAE, sendo o vídeo subdivido nas seguintes unidades temáticas:Apresentação; Acolhimento e consulta de enfermagem; Avaliação clínica de Enfermagem, Avaliação da ferida e Encerramento Goi et al (2016). destacam que a simulação de uma consulta de enfermagem organizada em conformidade com a SAE qualifica a assistência.As etapas da SAE incluem coleta de dados, exame físico, diagnóstico de enfermagem, planejamento, implementação e avaliação da assistência, mostrandose como importantes ferramentas de trabalho do enfermeiro na identificação das necessidades do usuário e, a partir delas, no gerenciamento do cuidado(COFEN, 2009;OLIVEIRA, CARVALHO, PEIXOTO, 2012;TANNURE, PINHEIRO, 2015; CRUZ et al, 2017).…”