O Budista hiper-real

Abstract

ResumoEste trabalho busca desmistificar o conceito corrente no mundo ocidental e no Brasil a respeito do Budismo, suas práticas culturais (incluindo a arquitetura e disposição física dos Templos) e seus adeptos. O intuito é o de mostrar que esta tradição ultrapassa a noção de "filosofia de vida", se constituindo em uma religião (com história, livro sagrado e diversas subdivisões) que se adapta ao contexto sócio-cultural no qual é inserida. Para tanto, utilizarei como exemplo sintomático a corrente budista japonesa Honmon Butsuryu-shu, através de pesquisa realizada junto a comunidade em questão. Fundada a cerca de 2.500 anos atrás, pelo Buda Shakyamuni (que, no entanto, não tinha o intuito de fundar uma religião), o Budismo é composto por diversas subdivisões, indo além do dueto Zen Budismo e Budismo Tibetano, correntes que estão "na moda" nos países à oeste do globo, inclusive no Brasil.Neste sentido, os adeptos desta religião, sejam fiéis ou sacerdotes (monges), não precisam necessariamente seguir uma vida monástica e ascética (repleta de proibições) para alcançar o ideal budista da Iluminação ou Nirvana. Para esclarecer tal situação, considero como ponto de partida o texto de Alcida Rita Ramos (2012) denominado "O índio hiper-real", no qual a autora nos mostra a relação construída entre os brancos e os índios no Brasil, acentuando que a existência de um modelo de índio mantém "o

Corpos transitórios

“…Em paralelo a isto, os anos 1970 viram florescer também, segundo Alcida Ramos, um indigenismo não-oficial, praticado por ONG's e entidades de proteção aos povos indígenas, como o CIMI -Conselho Indigenista Missionário 781 . A estas organizações vieram se somar iniciativas encabeçadas pelos próprios povos nativos, como a criação da União das Nações Indígenas, no fim dos anos 1970, organização que, segundo Tracy Guzman, contribui de forma decisiva para uma mudança na política indigenista brasileira, cujos resultados foram concretizados formalmente na Constituição de 1988 782 .…”

“…Foi decisiva para a explosão desse ativismo a tentativa do então governo Geisel, através da atuação de seu Ministro do Interior, Maurício Rangel Reis, de "emancipar" os índios, isto é, declará-los não índios e eximir o Estado da responsabilidade com suas terras e proteção. O episódio contribuiu para aglutinar lideranças indígenas e ativistas da causa indígena na mesma plataforma, resultando na derrubada do projeto 783 .…”