Este trabalho consiste em um resultado parcial de pesquisa que investiga o fenômeno do feminicídio à brasileira, a partir de reverberações coloniais e heranças estruturais. O estudo interroga o estatuto do amor, evocado pelo homem agressor na cena do feminicídio, entendendo-o como um amor narcísico, produto da identificação masculino-normativa ao Ideal do Eu colonial-patriarcal. Numa perspectiva psicanalítica e decolonial, o corpo da mulher, no contexto do feminicídio à brasileira, é analisado como objeto de dominação e violência, produzido em um contexto discursivo simbólico que naturaliza a misoginia atavés de como heranças coloniais que participam da construção da identidade masculino-normativo-colonial. A metodologia utilizada foi a das Narrativas Memorialísticas, através da qual buscou-se escutar mulheres sobreviventes do feminicídio. Os elementos que resultam deste estudo permitem inferir, entre outros aspectos, que a violência colonial que se impõe no processo de colonização de um país, tal como o Brasil, pode reverberar nas relações de gênero que alimentam a misoginia e o feminicídio.