RESUMO Este artigo trata de questões relacionadas ao restauro arquitetônico nos anos 1980 no Brasil a partir dos exemplos que aparecem nos números da Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional daquela década. O intuito é evidenciar formas como questões de restauro ali aparecem e problematizar o discurso em torno dos exemplos publicados. Ainda faltam no Brasil estudos que tratem de forma sistemática o conjunto das restaurações feitas no país naquele período, apesar de existirem análises sobre obras específicas de grande interesse. O objetivo deste texto não é fazer apresentação metódica do quadro de intervenções daquele momento, mas problematizar alguns temas a partir daquilo que a então Secretaria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Sphan) (atual Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - Iphan) valorizou em sua revista, especialmente dois casos ali publicados - a proposta de ação prevalentemente conservativa nas Ruínas de São Miguel das Missões e a intervenção no Paço Imperial do Rio de Janeiro -, contrabalançados por outros textos do periódico. Para tanto, será inicialmente explicitada a forma de circunscrição do tema e de sua abordagem para, a seguir, apresentar algumas características da Revista do Patrimônio nos anos 1980. Depois, serão enfrentados os artigos sobre as Ruínas de São Miguel e sobre o Paço Imperial que, na sequência, serão contrabalançados com outros discursos em torno deles e com outros textos que aparecem naqueles mesmos números, os quais tratam de diversas questões de preservação e lançam luzes mais matizadas sobre o que se discutia sobre restauração naquela década.