Estudos sobre os sistemas de ciência e tecnologia demonstram que a inovação e o desenvolvimento tecnológico emanam de um processo sustentável e durável de inter-relações dinâmicas e complexas entre a ciência e o mercado (Stokes, 2005), muitas vezes mediadas por decisões governamentais e políticas de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) (Etzkowitz e Leydesdorff, 2000;Etzkowitz, 2009; Arbix e Consoni, 2011). Superando a equivocada ideia de que os avanços tecnológicos seguem um modelo linear de desenvolvimento, em que eles se originariam na pesquisa básica realizada nas universidades e acabariam sendo simplesmente incorporados pelas empresas, o teor do argumento em pauta nos estudos mais recentes reside no fato de que o desenvolvimento tecnológico implicaria em significativas transformações em cada uma das instituições envolvidas, tendendo a transpor e transformar as fronteiras que as separam (Etzkowitz, 2009). A partir dessa ideia, a inovação e o desenvolvimento tecnológico podem ser mais bem entendidos como resultados decorrentes do mútuo aprendizado e de troca de conhecimento e informação entre os típi-cos agentes dessas instituições, cada qual com sua natureza e experiência particular, imersos em suas próprias lógicas de ação, orientados pelos seus pró-prios valores e interesses.Em meio ao debate sobre as inter-relações entre a ciência e o mercado, a interface universidade--empresa tem ganhado destaque especialmente no meio acadêmico, porque esse tipo de ligação afeta a organização da pesquisa científica e, sobretudo, as práticas sociais típicas desse campo (Owen-Smith e Powell, 2001; Colyvas e Powell, 2006. Torna-se, portanto, relevante conhecer e analisar como os profissionais acadêmicos têm reagido e percebido esse novo desafio, que afeta diretamen-