“…Um exemplo dessa tradição é o trabalho de Raymond Williams, que analisou a centralidade da (ideia de) cultura na sociedade burguesa como um processo histórico (Williams, 1961), desenvolvendo perspectivas histórico-materialistas que lhe permitiram estudar a televisão como uma "forma social" (Williams, 1974). Um outro exemplo é o trabalho de David Morley, que tem vindo a "descentrar" os estudos dos média, contribuindo para aquilo que mais recentemente tem chamado de non media-centric e more-than-representational media studies (Krajina et al, 2014). Miller e Maxwell retomam vários aspectos desta tradição -as questões de textualidade, discurso e representação (privilegiadas nos estudos culturais); as questões de recepção, significação e usos (centrais aos active audience studies); e as questões de produção, propriedade e controlo (objecto da economia política dos média) -para configurar um ambicioso programa interdisciplinar que pretende articular níveis de análise "macro" (instituições, regiões, estruturas) e "micro" (experiências, práticas, textos) através de um trabalho colaborativo que envolve semiólogos, teóricos e críticos da cultura, antropólogos, geógrafos, sociólogos, etnógrafos, atravessando fronteiras disciplinares entre humanidades e ciências sociais, conhecimento académico e não académico.…”