“…Gilberto Velho 39 , com seu estudo "Nobre e Anjos", de 1975 (só publicado em 1998), vai abordar o uso de drogas como demarcador de um estilo de vida e de visões do mundo em camadas médias da sociedade carioca e que não se constitui como problema para os seus usuários, pois é utilizado dentro do contexto sociocultural e de consumos a que as pessoas estavam integradas.…”
Section: "Como Resultado Rituais E Regras Relacionados à Droga Tornam...unclassified
“…No Brasil, até a década de 1990 desse mesmo século, a pesquisa sobre drogas nas Ciências Sociais era bastante incipiente e focavam mais na violência e criminalidade associadas ao tema. Quanto aos estudos etnográficos sobre o uso de drogas, até 1994, no país, segundo Macrae 24 , podia-se contar apenas com quatro trabalhos pioneiros, como os de Velho 39 , Macrae e Simões 25 , Lima 24 e Fernandez 14 .…”
Quando se estuda o uso de crack parece haver unanimidade: o uso sempre é problemático. Diversos estudos são desenvolvidos com usuários que estão em tratamento e/ou internados. Ou então, quando se trata de usuários em cenas públicas, da rua, não se interpreta o contexto, a situação de rua e todas as outras questões sociais envolvidas, mas todas as mazelas são apresentadas por uma monocausalidade, a droga. Tendo isso em conta, a perspectiva desse artigo é de colocar em discussão a afirmação de que o uso do crack se daria sem nenhum controle por parte dos envolvidos nesta prática. Visa, também, examinar em que medida os chamados “usos problemáticos” (associados às cenas de uso público) e a produção de discursos morais e estigmatizantes performam as experiências dos usuários de crack de uso não visível. Pretendeu-se, ao mesmo tempo, identificar o uso controlado e analisar os diferentes contextos de uso, levando em consideração o conhecimento construído pelos usuários, fato importante para o desenvolvimento de políticas públicas mais eficazes e que respeitem os direitos e a autonomia dos usuários quer tenham desenvolvido problemas com o uso ou não.
“…Gilberto Velho 39 , com seu estudo "Nobre e Anjos", de 1975 (só publicado em 1998), vai abordar o uso de drogas como demarcador de um estilo de vida e de visões do mundo em camadas médias da sociedade carioca e que não se constitui como problema para os seus usuários, pois é utilizado dentro do contexto sociocultural e de consumos a que as pessoas estavam integradas.…”
Section: "Como Resultado Rituais E Regras Relacionados à Droga Tornam...unclassified
“…No Brasil, até a década de 1990 desse mesmo século, a pesquisa sobre drogas nas Ciências Sociais era bastante incipiente e focavam mais na violência e criminalidade associadas ao tema. Quanto aos estudos etnográficos sobre o uso de drogas, até 1994, no país, segundo Macrae 24 , podia-se contar apenas com quatro trabalhos pioneiros, como os de Velho 39 , Macrae e Simões 25 , Lima 24 e Fernandez 14 .…”
Quando se estuda o uso de crack parece haver unanimidade: o uso sempre é problemático. Diversos estudos são desenvolvidos com usuários que estão em tratamento e/ou internados. Ou então, quando se trata de usuários em cenas públicas, da rua, não se interpreta o contexto, a situação de rua e todas as outras questões sociais envolvidas, mas todas as mazelas são apresentadas por uma monocausalidade, a droga. Tendo isso em conta, a perspectiva desse artigo é de colocar em discussão a afirmação de que o uso do crack se daria sem nenhum controle por parte dos envolvidos nesta prática. Visa, também, examinar em que medida os chamados “usos problemáticos” (associados às cenas de uso público) e a produção de discursos morais e estigmatizantes performam as experiências dos usuários de crack de uso não visível. Pretendeu-se, ao mesmo tempo, identificar o uso controlado e analisar os diferentes contextos de uso, levando em consideração o conhecimento construído pelos usuários, fato importante para o desenvolvimento de políticas públicas mais eficazes e que respeitem os direitos e a autonomia dos usuários quer tenham desenvolvido problemas com o uso ou não.
“…Igual a Gisele, vixe […] mas a gente gosta né. (Aristeu) 6 Cabe frisar que o uso do termo não é uníssono pois, se por um lado identifica grupos que realizam/cultuam práticas sociais desviantes ou contra normativas, por outro cristaliza a compreensão de dinâmicas fluidas entre aquilo que seria típico e atípico de forma ininterrupta (Velho, 1998). 7 Embora alguns dos interlocutores também realizassem chemsex com vários parceiros nos banheiros da boate, o pesquisador não teve penetrabilidade suficiente nessa prática, tampouco diálogo aprofundado sobre o assunto com os colaboradores.…”
Section: Gosto De Coisas Fortes! Muito Padê! (Eros)unclassified
“…Fazê-lo em um espaço onde teoricamente são iguais e ficam felizes faz com que subvertam essas normatividades, pois as práticas do local são sublinhadas como normais e aceitáveis, uma característica de fraternidade, companheirismo e aceitação que o ambiente das festas propicia (Braga, 2018). Todavia, Hermes diz que chegar ao hospital "drogado" seria motivo de discriminação e de um mau atendimento, indicando que, por vezes, não somente os profissionais de saúde demonizam tais substâncias (Becker, 2011), como também quem frequenta essas festas é considerado "viciado perigoso" (Velho, 1998;Becker, 2008).…”
Section: P R I M E I R O E U D E S C O N S T R U í O P a D R ã O D A ...unclassified
“…Entretanto, reconhecemos que as razões para o consumo de drogas são simbolicamente diversas, contraditórias, híbridas e fluidas, a depender das interações sociais (Velho, 1998;Becker, 2008), entre elas, a busca por diversão, prazer, por curiosidade, quebra da rotina, curtir os efeitos das substâncias, diminuir a ansiedade e relaxar. Isso pode ser visto na própria literatura sobre o tema (Schneider;Limberger;Andretta, 2016).…”
Resumo À luz das práticas de lazer, objetivamos analisar os sentidos do consumo de drogas por homens homossexuais em uma casa noturna da cidade do Rio de Janeiro, RJ. Realizamos o processo de observação participante em 36 episódios de festas eletrônicas em uma boate, entre janeiro de 2018 e setembro de 2019. Detectamos que os usos de substâncias estabelecem um sentimento de pertencimento social entre os sujeitos, funcionando como rede de apoio coesa e cerimonial. Concluímos que, para os interlocutores, as drogas assumem diferentes sentidos para um “bem-viver” coletivo, em que a droga simboliza a união e o apoio socioemocional que conecta os homossexuais consumidores em um espaço plural às diversidades, a princípio sem julgamentos morais. O consumo das drogas em cada festa fortaleceu a coesão grupal, além de refletir sentimentos de fraternidade, companheirismo e irmandade, edificando e retroalimentando uma espécie de “grupo terapêutico” atrelado a essa vivência do lazer, uma prática acionada para “suportar e sobreviver” às demandas sociais, por vezes preconceituosas e discriminatórias.
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