Com a relação mais estreita entre as pessoas e os animais, as zoonoses tornam se mais importante na saúde pública. Entre elas podem ser destacadas a raiva, leishmaniose, brucelose canina, febre maculosa, toxoplasmose e leptospirose que apresentam aspectos epidemiológicos e de controle diferentes entre elas. A Raiva é 100 % fatal em animais e humanos, causando encefalomielite aguda, sendo considerada ainda grave problema de saúde pública. Desde as décadas de 1950 e 1960, quando houve elevado número de casos de raiva humana transmitida principalmente por cães no Brasil, pôde-se observar uma preocupação nas atividades governamentais, como por exemplo a implantação do “Programa Nacional de Profilaxia da Raiva Humana” (PNPR) em 1973, a nível nacional, e posteriormente, em 1983 o “Plano de Ação para Eliminação da Raiva Urbana das Principais Cidades da América Latina”, desenvolvido pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). Alguns avanços foram obtidos no controle dessa doença, com redução do número de casos humanos, tendo sido reportado apenas um caso de raiva humana no Brasil em 2015. A Leishmaniose Visceral Canina (LVC) vem sem expandindo no Brasil. É uma zoonose de extrema importância para a saúde pública. Seu agente etiológico é um protozoário do gênero Leishmania, transmitido pela picada de mosquitos flebotomíneos. Os cães são os principais reservatórios primários da doença, enquanto os humanos, os hospedeiros acidentais. Esta doença em cães traz muita polêmica, já que o Ministério da Saúde juntamente com o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) criaram a Portaria Interministerial nº 1426 que proíbe seu tratamento com produtos de uso humano ou não registrados no MAPA, recomendando a eutanásia dos cães infectados ou doentes. A Brucelose canina é caracterizada como uma antropozoonose infecciosa crônica, que apesar de menor incidência na população humana, possui grande importância socioeconômica, pois é a principal causa de infertilidade em canídeos domésticos em todo o mundo e trata-se de uma zoonose ocasional, mesmo no caso da doença em cães que pode infectar humanos em suas atividades laborais, principalmente no caso de cães de canil. A Febre maculosa brasileira é causada pela bactéria gram negativa, intracelular obrigatória, Rickettsia rickettssi tem como vetor o carrapato Ixodideo Amblyomma cajennense. Com a proximidade das áreas urbana e rural, a incidência da doença em humanos tem aumentado, já que a exposição ao vetor e aos animais infectados ou doentes é cada vez mais frequente. A doença tem evolução aguda e seu diagnóstico rápido é importante, pois pode ser fatal na maioria dos casos, se não houver a instituição do tratamento rapidamente. A Toxoplasmose é uma das zoonoses de ampla difusão mundial, causada pelo protozoário Toxoplasma gondii, que apresenta três genótipos distintos. Tem como hospedeiro definitivo o gato e outros felideos, e devido a crescente importância como animal de estimação, há necessidade de maiores esclarecimentos sobre sua transmissão, especialmente quando há o envolvimento de gestantes. Há conceitos controversos e errôneos sobre o contato direto com esses animais e a sua transmissão. Precários hábitos de higiene e ingestão de alimentos crus são as principais fontes de contaminação em humanos, e desta forma profissionais da saúde devem orientar a população quanto a medidas essenciais de higiene para diminuir sua incidência. A Leptospirose é outra zoonose de distribuição mundial causada principalmente pela bactéria Leptospira interrogans, e afeta diversas espécies de mamíferos domésticos e selvagens. Os cães e o gatos além de outras espécies animais eliminam leptospiras pela urina, tendo importante papel epidemiológico na sua disseminação, que prevalece em locais com falta de saneamento básico. A bactéria penentra no organismo pelo contato com água ou urina contaminada, pela pele lesada e mucosas. Vencendo as defesas naturais do organismo se aloja principalmente no rim e fígado. A vacinação e o manejo ambiental são as principais formas de prevenção.