Nem todo surdo é igual: discussões interseccionais preliminares na educação de surdos

Abstract

RESUMO O presente artigo traz um recorte teórico de pesquisas desenvolvidas pelas autoras nas áreas e subáreas de estudos surdos, interseccionalidade e ensino para surdos na educação básica. Propõe-se discutir a temática da interseccionalidade relacionada ao campo dos Estudos Surdos na educação básica. O artigo reflete sobre os atravessamentos interseccionais que envolvem a comunidade negra surda, em detrimento dos hiatos epistêmicos, sobretudo a falta de discussão sobre as questões étnico-raciais na educação de surdos. Aporta-se nos referenciais teóricos de Buzar (2012); Pereira e Pereira (2013); Silvestre (2014); Solomon (2018); Ferreira (2018); Santos (2019); Chapple (2021); Brito et al. (2021). A metodologia fundamenta-se na revisão bibliográfica e no estudo qualitativo-descritivo de pesquisas brasileiras, circunscritas ao período de 2005 a 2021, relacionadas aos temas “interseccionalidade” e “surdez” nos sistemas de informação dos trabalhos acadêmicos das instituições de ensino superior do país, além de análises de artigos e observações empíricas que versam sobre a negritude surda no campo educacional brasileiro. Os dados compilados permitem evidenciar lacunas epistêmicas e incipiências de pesquisas acadêmicas sobre aspectos interseccionais e multiculturais que vão além de gênero, raça e surdez.

Perspectiva Decolonial: Um Olhar Sobre a Negritude E a Surdez

“…• 402 • Humanas e Sociais se fala das pessoas negras: questão econômica, como essas pessoas são interpretadas em relação à uma dada falsa expectativa de caráter, dentre outros elementos. Os resultados são impactantes e se traduzem nos casos de racismo e morte de negros no país, além da desigualdade salarial, quando estes são comparados aos brancos (CAMPOS; BENTO, 2022).…”

“…O que gera esse cenário é a visão clínico-terapêutica da surdez que trata a pessoa surda por um viés capacitista de deficiência, sem a consideração de sua língua, sua cultura e suas especificidades para a construção das aprendizagens, como o estímulo a abordagens que prezem pela visualidade (STROBEL, 2009;CAMPOS;BENTO, 2022).…”