Resumo: A investigação apresenta uma hermenêutica da memória nos textos da maturidade de Nietzsche, à luz das contribuições de Aristóteles e Tomás de Aquino. Na Primeira Dissertação de Para a genealogia da moral, Nietzsche introduz a influência que a memória exerce sobre a capacidade de reflexão e de ação. O procedimento mnemotécnico que o filósofo alemão analisa é o comentário de Tomás de Aquino sobre a reminiscência de Aristóteles. O aquinate identifica a ordenação daquilo que se quer, o investimento do espírito, a meditação frequente e a tomada da cadeia de pendências como pontos fundamentais para a atividade da memória. E, nesses pontos, Nietzsche concebe a moral como componente-chave no processo de memorização. Serão analisadas algumas aproximações e distanciamentos entre as teses nietzschiana e tomista, e em que medida a moral opera, no sentido de detectar a atividade da memória.