Música gospel no Brasil - reflexões em torno da bibliografia sobre o tema

Abstract

Resumo O sucesso do mercado de música gospel no Brasil no início do século XXI foi seguido por uma ampliação da produção acadêmica que busca entender esse fenômeno social. As áreas que se voltam para esse objeto também se multiplicam, sendo que hoje podemos encontrar pesquisas desenvolvidas em Ciências da Religião, Sociologia, Antropologia, Musicologia e Comunicação Social. O objetivo deste artigo é fazer uma revisão bibliográfica, buscando compreender criticamente as principais temáticas e abordagens a partir das quais esse objeto é analisado. Espera-se que essa revisão crítica possa contribuir para o desenvolvimento de novas perspectivas para o estudo dos bens culturais e das práticas religiosas.

Ciências Sociais Hoje: Sociologia

“…sobre as formas de estar junto das religiões, a regulação estatal das religiões e os conflitos entre grupos religiosos e o quanto o pluralismo possibilitaria ou expressaria um equacionamento cultural e institucional da pluralidade religiosa (Mariano, 2016;Montero, 2006;Negrão, 2008a). Alguns temas são bem recentes, como a música, com trabalhos sobre o gospel e alguns estudos comparados com a música nas religiões afro-brasileiras, além de uma investigação histórico-teórica sobre a música religiosa (Bandeira, 2017;Rehen, 2007;Veiga Jr., 2013). Estudos sobre o Islã, que têm muito a ver com a identidade dos muçulmanos brasileiros e com as questões de gênero no Islã no Brasil, aparecem discretamente aqui (Barbosa;Paiva, 2017;Chagas, 2015;Ferreira, 2009).…”

O Funk abençoado: apropriação musical, trajetória religiosa e carreira musical de MC Polliana Gospel Funk

“…A categoria adotada possibilitava abordar algo que abarcava diversos ritmos, alguns ligados a iniciativas menos institucionalizadas que alargavam o contexto engendrado por gravadoras, pois essa produção autônoma também corroborava a formação de espaços de execução e atuação de artistas. Isso consolidou a presença musical no cotidiano evangélico, sobretudo, com o recurso de gêneros musicais nacionais e internacionais, disseminados pelo país, que passaram, então, a estar presentes nas igrejas e em locais concebidos pela prática religiosa (Dolghie 2004;Jungblut 2007;Pinheiro 1998Pinheiro , 2006Pinheiro , 2007aPinheiro , 2007bBandeira 2017).…”

“…No tocante ao funk gospel, mesmo tendo surgido num processo de assimilação e reelaboração religiosa com vista a suplantar seu teor profano, ele não se distanciaria do funk, na medida em que suas letras não deixam de lado a linguagem coloquial comum à da modalidade secular e, desse modo, as mensagens cristãs seriam banalizadas (Mendonça 2014). A tensão que o funk gospel explicita decorre de suas especificidades -performances, temas, sonoridades, entre outros -que tensionam as clássicas dicotomias -igreja x mundo, por exemplo -, corroborando sua circulação na periferia do meio evangélico (Bandeira 2017).…”

“…(Pinheiro 2007a;Bandeira 2014). Essas alterações musicais e sonoras no meio evangélico passaram a ocorrer fortemente nas últimas décadas do século XX e isso está entrelaçado com iniciativas como a formação de empresas fonográficas, de produção de eventos musicais institucionalizados e/ou independentes, de mercado de música evangélica, conforme registram pesquisas realizadas (Pinheiro 2006;Cunha 2007;de Paula 2012;Bandeira 2017). Todavia, algumas sonoridades têm sido acompanhadas por tensões no tocante ao seu reconhecimento por parte dos dirigentes institucionais -pastores -, como ocorre com o funk e o rap.…”

Religión y género en América Latina: perspectivas teóricas y metodológicas para la investigación

“…ISSN 2545 y Senkman 2019; Grinfeld, y Mertnoff, 2019), proliferación de formas de religiosidad y espiritualidad asociadas a la Nueva Era y las comunidades terapéuticas (Carozzi, 2000;Viotti, 2018, Toniol, 2018Funes 2018), multiplicación de formas menos institucionalizadas de experiencia religiosa (Frigerio, 2000;Gutiérrez Zúñiga, 2008;De La Torre, 2011;Olivas, 2018), entre otras. Estas variaciones se acompañan con una mayor participación religiosa en el espacio público (De la Torre y Semán 2021) y del uso cada vez más frecuente de los medios de comunicación de masas y los medios digitales por parte de los grupos religiosos, en crecimiento en las últimas décadas (Bandeira, 2017;Martino, 2014;Sbardelotto 2017) y que se profundizó con la pandemia de Covid-19 (Bandeira y Carranza, 2020;Gutiérrez Zúñiga y De la Torre, 2020).…”